Narrativas da Autenticidade vs Hipocrisia & Cinismo
Narrativas da Autenticidade vs Hipocrisia & Cinismo
- Dizer o que se pensa comporta custos... Em Portugal, tivemos um exemplo recente em que a promessa dumas estaladas simbólicas implicou a demissão de um ministro; este exemplo, cujas declarações foram até muito suaves, conduziram à destituição da coroa da Miss Universo de Porto Rico. Muitos outros exemplos podíamos aqui enumerar do mundo do desporto, da política, da moda em resultado de um excesso de frontalidade...
- Mas com tais "freios" - em nome do politicamente correcto, não estaremos nós a criar um mundo de relações ainda mais hipócrita, cínico e até falso que acaba por degradar as relações interpessoais, organizacionais e de natureza política?!
- Entre o ser desabrido e dizer calinadas em público, como ocorre amiúde, e que pode contender com a liberdade de terceiros, e a liberdade de cada um se expressar livremente e com autenticidade - ainda teremos de aprender a gerar esses equilíbrios de molde a, em cada momento, não deixarmos de ser genuínos e a, com isso, também não ofendermos ou limitar a liberdade de terceiros.
- Os clássicos tinham uma receita que ajudava a prevenir esses excessos, sobretudo cometido pelos homens mais sanguíneos: (1) escrever uma carta ao visado e dizer em bom vernáculo tudo quanto se pensa dele, e guardar essa mesma carta; (2) escrever uma 2ª carta ao visado e dizer o que se pensa dele num tom diplomático, e guardá-la; (3) e deixar transcorrer o tempo e chegar à conclusão que, afinal, o silêncio foi a melhor das opções.
- A futilidade da notícia infra serve apenas para nos ajudar a reflectir acerca do que é dizível ou não não no espaço público, mas sob o freio e o medo institucionalizado de pensarmos by the the book e tecer afirmações no âmbito do políticamente correcto estamos, seguramente, a criar um mundo de mentirosos compulsivos e isso, convenhamos, é o pior tributo que podemos prestar à verdade e à autenticidade das relações humanas. Lamentavelmente, é já o que mais se vê nas redes sociais (extensão da vida de carne e osso), mas como isso é relativamente fácil de detectar - há mecanismos para irmos secando esses novos cobardes deste 1º quartel do séc. XXI - que nunca pensam nada acerca de coisa nenhuma, mas que assim julgam passar incólumes pelos intervalos da chuva deste tempo contingente em que vivemos.
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"Problema de atitude" custou-lhe a coroa. Agora, ela pede 3 milhões de dólares
A organização do concurso acusou-a de ter um problema de atitude, e retirou-lhe o título. Ela, naturalmente, não gostou, e agora reclama tudo a que, diz, tem direito. E por tudo leia-se a coroa de volta, um carro, cirurgias plásticas e um cruzeiro de sete dias.
O jornal inglês The Telegraph conta que, já depois da entrevista, Caride escreveu um post no Facebook onde confessou: "permito que os meus sentimentos entrem no meu trabalho", e sublinha a ideia que as Miss Universo não são um bom exemplo na representação de dias menos bons, que também existem. Estas declarações também foram decisivas para retirar a coroa.
A passagem da coroa não é uma situação habitual, depois de realizado o evento, mas não é inédita. Em 1994, em Porto Rico, Brenda Robles também foi despromovida de Miss Universo Porto Rico depois de revelar a gravidez.
A coroa, entretanto, já foi entregue a Brenda Jimenez.
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