Marcelo vai fazer o pleno sociológico
Marcelo é ainda uma promessa por cumprir
Goste-se ou não de MRS, o PR em funções, temos de reconhecer que partilha um capital de simpatia, de afectos e de proximidade que não pode ser comparado ao "ramses" de Boliqueime, que adiou o destino de Portugal por décadas e dividiu os portugueses entre os que integram a lista VIP e aqueles que foram incluídos no rebanho temático dos roteiros de Belém da última década.
Marcelo parece que chegou, viu e venceu.
O que indicia um magistério de influência muito acima da média, o que não será difícil tendo o seu predecessor como comparação imediata. Marcelo é urbano e simpático, ao invés de Cavaco, que é provinciano, rude e antipático, o que revela insegurança no contacto e diálogo com o outro e com a sociedade no seu tecido conjuntivo.
Ora, Portugal mudou, evolui, a sua massa populacional estudou e formou-se, e é essa base sociológica emergente que já não se revia naquela liderança rígida, inculta, distante e com tiques autoritários manifestada por Cavaco. Este há muito que deixou de ser o elemento inovador e transformacional da sociedade portuguesa, ou o que ela precisa para crescer, inovar e desenvolver-se numa Europa e num mundo cada vez mais competitivos e sem fronteiras.
A esta luz e com uma redobrada legitimidade popular, porque independente dos apoios e dos favores do PSD e do CDS, MRS emerge assim na sociedade portuguesa como o farol para que todos olham, aquele de quem todos esperam as ideias mais luminosas para assegurar o desenvolvimento do nosso destino colectivo. Fazer o próximo 10 de Junho em Paris, Dia das Comunidades e de Camões, ao invés do Dia da Raça como afirmou cavaco, é uma ideia tão simples quanto genial e pode, a curto e médio prazos, surtir efeitos na nossa economia.
Ao firmar as suas raízes em chão nacional, Marcelo está a afinar a sua liderança nacional e a criar o ambiente político para começar a receber aqueles que tiveram de partir em resultado das políticas públicas desastrosas do Governo de Passos Coelho, Portas e Vitor Gaspar, o estado-vassalo da troika e os adeptos extremados do regime austeritário que empobreceu Portugal e os portugueses.
Igualmente relevante foi a parte do discurso de MRS em que afirmou depositar a sua liderança em soluções consensuais, alargadas, negociadas amplamente entre todos os partidos políticos, incluindo aqui naturalmente o PCP e o BE, de molde a não excluir ninguém do acesso aos bens de primeira e segunda necessidades na sociedade portuguesa (como foi apanágio lamentável no consulado cavaquista, mesmo no momento pós-eleitoral, em Outubro último), que conta ainda com mais de 2 milhões de pobres e para cujo flagelo o governo Passos se revelou manifestamente impotente e socialmente arrogante, pois foi ele que esbulhou pensionistas, reformados e jovens qualificados sem critério social, técnico e humano.
Marcelo sabe, de ciência certa, que jamais poderá repetir os erros de Cavaco e Passos, se os cometer arrisca-se a não fazer um 2º mandato, com a agravante de não conseguir pacificar a sociedade portuguesa que ainda está a lamber as feridas resultantes da maior carga de impostos a que foi sujeita pela liderança criminosa de Passos e Gaspar, a qual contou com o alto patrocínio do burocrata cinzentão que foi - e é - Cavaco.
Ao reconhecer estes erros, Marcelo sabe que deve e tem de dar atenção aos mais necessitados na sociedade portuguesa, o que requer uma audição especial e atenta às propostas, ideias e soluções do BE e do PCP e, ao mesmo tempo, refrear os ímpetos ultra-liberais do PSD e CDS, que nestes últimos anos deixaram de ser aquilo que era a sua génese: a social-democracia com o PSD, e a democracia cristã do CDS de Freitas do Amaral e Lucas Pires, quando o CDS foi um partido de valores e uma formação partidária decente e com genuínas preocupações sociais, e o PSD era um partido verdadeiramente reformador e inter-classista.
Marcelo irá também apostar nos jovens, no sangue novo das futuras gerações, o que implica apostar mais e melhor na educação em ordem a ultrapassar os interesses corporativos que ainda são responsáveis pelos principais bloqueios da sociedade portuguesa.
No fundo, Marcelo tem tudo aquilo que se exige para por em marcha o seu ideário: tem inteligência, tem talento e rasgo, goza de experiência política e tem algum conhecimento do mundo. Marcelo não é um provinciano deslumbrado ou perdido na Europa, é, sim, alguém que nasceu em berço d´ouro e que hoje se comporta como um pequeno rei que marcha por entre as populações e deseja obter delas a sua mais profunda aquiescência para presidir aos destinos da República e fazer tudo aquilo que a Constituição, que ele conhece bem e trata por "tu", lhe consente.
E para isso o novel PR terá de saber lidar com os portugueses, com todos eles, i.é, aqueles que estão no interior, deslocados e afastados das centralidades das grandes urbes e que, por essa razão, sentem dificuldades acrescidas em se desenvolver e vencer as barreiras legais, fiscais, burocráticas e de todos os custos de contexto associados aos processos de desenvolvimento e de dinâmicas sociais e económicas de que Portugal ainda hoje carece.
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