Três notas sobre Umberto Eco: a futilidade pós-moderna, o horóscopo e o sorriso
in Macro, Maio, 2015.
Umberto Eco: "No momento em que todos têm direito à palavra na internet, temo-la dada aos idiotas"
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UMBERTO ECO: "NO MOMENTO EM QUE TODOS TÊM DIREITO À PALAVRA NA INTERNET, TEMO-LA DADA AOS IDIOTAS"
Umberto Eco na sua casa em MilãoFotografia © João Céu e Silva
O escritor Umberto Eco está a lançar o seu mais recente livro: 'Número Zero'. Uma crítica violenta ao esquecimento das pessoas e ao mau jornalismo no que respeita à corrupção política e social. No romance conta a história de um jornal que servirá para pressionar, usando escândalos.
A teoria da conspiração é o prato forte do novo romance de Umberto Eco. Passa-se em 1992 para que a Internet e Berlusconi não viessem piorar o cenário em que uma redação falsa se prepara para lançar um jornal também falso. O escritor gosta do que é falso, até diz que sempre foi fascinado por isso, mas está irritado com a desatenção que os cidadãos prestam aos escândalos políticos, económicos e sociais.
Diz que a escrita deste romance o reconciliou com MIlão, onde vive há 30 anos.
Na entrevista que deu ao DN garante que tudo o que conta, salvo a fantasia sobre o corpo de Mussolini, é verdadeiro, teve processos judiciais e já foi publicado: "O pior do que conto no meu romance não é o que se fez de terrível, mas que as pessoas se estejam nas tintas para todos esses acontecimentos. Vejo que tudo entra por uma orelha e sai pela outra das pessoas, como se as coisas terríveis que se passaram há 50 anos não preocupem ninguém e sejam aceites tranquilamente. Acho que ninguém me quer silenciar pois não sou Roberto Saviano, que conta segredos da mafia atuais. Eu conto coisas sobre as quais até a BBC já fez um documentário."
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As pessoas nascem sempre sob o signo errado, e estar no mundo de forma digna significa corrigir dia a dia o próprio horóscopo.
O Pêndulo de Foucault
Rir é próprio do homem, como mentir. O problema é tão complexo, há tantas razões pelas quais podemos rir... Rimos porque estamos felizes, os soldados japoneses riam-se de vergonha quando eram detidos pelos americanos, os homens riem-se durante um show de striptease para dominar a timidez. Rir tem a ver, de alguma forma, com o facto de sabermos que vamos morrer. É mais ou menos isto, e é imenso. Não, ainda não escrevi este livro.
in Expresso
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Etiquetas: o horóscopo e o sorriso, Três notas sobre Umberto Eco: a futilidade pós-moderna
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