Dás-me para te dar: política sem poesia na dupla Alegre & Belém
Tenho para mim, há décadas, que o poeta Alegre jamais deveria fazer política. Não tem jeito, é truculento, não domina os assuntos em profundidade, enfim, é mais o chefinho duma facção do que alguém que apresenta uma causa, um projecto, uma ideia sustentável para Portugal e, através dela, melhorar a qualidade de vida dos portugueses.
Há, contudo, e diga-se em abono da verdade, uma coisa que o poeta sabe fazer: poesia. E nisso tem techné e sabe combiná-la com arte. E já o demonstrou em dezenas de poemas.
Mª de Belém foi sua mandatária nas eleições presidenciais em que Alegre espartilhou o eleitorado de esquerda, que dividiu com Mário Soares e que, por força dessa divisão intestina à esquerda, ofereceu uma década de presidência da república a um elemento que negligenciou os portugueses e deixou o XIX Governo (in)Constitucional em regime de rédea solta, o de Passos & Portas. Foi um governo que fez todas as tropelias aos portugueses, à economia e à sociedade, a ponto de os por de rastos, donde eles agora tentam reerguer-se.
Veremos quando e como...
Agora invertem-se os papéis, é o poeta Alegre que representa a pequena Mª de Belém, e não há pior préstimo que esse par presta à democracia do que acusar uma outra candidatura, curiosamente oriunda do mesmo espaço sociopolítico representado por Sampaio da Nóvoa, do que acusá-lo de "campanha salazarenta" - apenas porque esse lamentável par, Alegre & Belém, querem, à viva força, manter privilégios que consideram adquiridos, os quais se traduzem em auferir reformas avultadas por trabalhos que prestaram à democracia.
Salazarenta é, pois, a pretensão que Alegre e Belém demonstram em querer ser portugueses de primeira, procurando auferir rendimentos num país que está socialmente a arder, falido, desmembrado e sem coesão social.
Com esta senha Alegre e Belém demonstram bem aquilo que são, ou sempre foram na política em Portugal: uns encostados ao Parlamento, fazendo anos em carreira de serviço para beneficiar de rendimentos que são, verdadeiramente, desproporcionais e obscenos relativamente aos trabalhos prestados a Portugal e aos portugueses.
Em vez de acusar Sampaio da Nóvoa de desenvolver uma campanha salazarenta, o poeta deveria, tão somente, dedicar-se a fazer poemas; e Belém a continuar a ser uma avençada do Grupo Espírito e a debitar umas opiniões na Comissão de saúde da AR, a que chegou a presidir.
O poeta está a ver mal o filme, e aquela que ele supostamente representa nos comícios Portugal-a-fora nem sequer massa crítica oferece para inspirar um poema. Esta é, portanto, uma candidatura sem história, reflecte apenas a ambição desmedida duma facção do PS velho, decadente e decrépito.
Todos os partidos, lamentavelmente, têm este tipo de quinquilharia.
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