segunda-feira

Stiglitz votaria "não" no referendo grego

Nota prévia: Na dobra do milénio o prof. Stiglitz escreveu um dos livros mais importantes sobre globalização, e explicou
como as grandes organizações económicas e financeiras internacionais espoliaram as economias mais frágeis
de África, Ásia e América latina - com as práticas selvagens e neoliberais propostas pelo FMI, OMC e Banco Mundial,
onde trabalhou e donde foi saneado. Os métodos não mudaram desde então, só que agora o FMI 
aplica-os às economias mais frágeis da Europa do sul...
Todavia, curioso é notar um ou dois anos depois desse saneamento do BM - J. Stiglitz foi Prémio Nóbel da
Economia. Só por isso, valerá a pena reler Globalisation and Its Discontents... 
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por Rui Peres Jorge |

A disputa em curso neste momento é "muito mais sobre poder e democracia do que sobre dinheiro e economia" escreve no texto de opinião publicado no Project Syndicate, onde critica a falta de sentido de democracia evidenciado pelo líderes europeus, que insistem em recusar a legitimidade de um governo eleito de um país da Zona Euro que se opõe frontalmente às políticas de austeridade dos últimos anos.

Na opinião do economista, Alexis Tsipras e o seu governo têm boas razões para querer mudar de rumo. "É espantoso que a troika recuse aceitar responsabilidade" pelo descalabro económico dos últimos anos e é "ainda mais espantoso que os líderes europeus não tenham aprendido", insistindo em exigir excedentes orçamentais primários (3,5% do PIB em 2018) que empurrarão o país para mais austeridade.  "Mesmo que a dívida grega seja reestruturada para lá do imaginável, o país permanecerá em depressão se os eleitores se comprometerem com o objectivo da troika no referendo deste fim de semana".

Perante uma escolha tão difícil, que poderá ditar uma saída do euro com consequências negativas certas no curto prazo, o Nobel diz que "é difícil aconselhar os gregos sobre como votar no dia 5 de Julho. Nenhuma alternativa – aprovação ou rejeição dos termos da troika – será fácil e ambas acarretam riscos", reconhece. Ainda assim optaria por votar contra.

De um lado está a promessa de "austeridade quase sem fim" e "talvez" um alívio de dívida e apoio das instituições internacionais. Do outro, o voto pelo não, "deixaria pelo menos aberta a possibilidade da Grécia, com a sua forte tradição democrática, agarrar o seu destino com as suas próprias mão. Os gregos poderiam ganhar a oportunidade de moldar um futuro que, talvez não seja tão próspero como no passado, mas que deixa muito mais esperança que a tortura inconsciente do presente". "Eu sei em como votaria", remata.

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