quinta-feira

O Lello e o Silva e o Neto - por Eurico Heitor Consciência -

O Lello e o Silva e o Neto

Juro à fé de quem sou que não sou do PSD, nem do CDS ou do PS, nem do PC ou do BE. Também não sou daquele partido, cujo nome não me ocorre, que foi criado para promover o Dr. Marinho Pinto, que foi bastonário dos Advogados, tendo aproveitado essa função para sacar o taludo ordenado que ele se atribuiu a si próprio, quando, antes dele, nenhum bastonário recebera nenhum ordenado ou o que quer que fosse. E desatou a fazer tiradas populistas, com vista ao que depois se viu : tornar-se político profissional.
Portanto sou um dos milhões de portugueses que permanece inteiro : sem nenhum partido.
Mas não posso deixar de censurar o Sr. Engº Henrique Neto por se candidatar a Presidente da República sem autorização do PS, de que faz parte, tendo sido já seu dirigente e deputado.
Contrariar os próceres do seu partido constitui pecado grave em que o Sr. Engº Henrique Neto reincide, porque, quando se governava e nos des/governava o José Sócrates, Henrique Neto nunca teve rebuço ou hesitações nem papas na língua e foi prevenindo os portugueses dos perigos socráticos. E agora deu-lhe para ali : candidato a Presidente da República sem pedir autorização a António Costa e aos grandes socialistas José Lello (um Lelo com dois eles deve ser um Lelo muito gordo), ao Lello e àquele Augusto Santos Silva que já foi ministro de diversas pastas (disse pastas, não postas).
Claro que Henrique Neto foi logo sovado pelo Lello e pelo Silva. Como tinha que ser. O Lello chamou-lhe palhaço e o Silva chamou-lhe bobo.
Terão sido ambos deselegantes, dando razão àquele deputado inglês que no Parlamento britânico estava a esclarecer o filho de que na bancada da oposição estavam os seus adversários…
- Os teus inimigos – interrompeu o filho.
- Não, não – disse o pai – , Os da oposição são somente meus adversários. Os meus inimigos estão no meu partido.
Não podendo negar-se que tanto José Lello como Santos Silva foram deselegantes para com o seu camarada Neto, não pode porém pensar-se que se moveram por interesses inconfessáveis. Essa suspeita não levanto. Nem contra o Silva nem contra o Lello com dois eles, apesar de ter lido no Público de ontem (26.3) o que de seguida se transcreve sobre o Lello (com dois eles), que foi fogoso apoiante do Sócrates:
“Ora reparem : o Governo Sócrates teve início em Março de 2005, e nove meses depois o deputado José Lello deixou de exercer o seu mandato em exclusividade, para passar a integrar o conselho consultivo da Capgemini em Portugal, uma consultora especializada em tecnologias de informação. Durante os seis anos do consulado lelo-socrático, a Capgemini firmou 113 contratos por ajuste directo com entidades públicas, no valor de 6,7 milhões de euros, alguns dos quais relacionados com o famoso Simplex.
Ao mesmo tempo, o incansável deputado Lello exercia ainda o cargo de membro não executivo do conselho de administração da Domingos da Silva Teixeira (DST), uma empresa de construção e engenharia com negócios na área das energias renováveis, águas e saneamento. Enquanto Lello foi administrador da DST, celebraram-se 62 contratos por ajuste directo com entidades públicas, num total superior a 71 milhões de euros. Um único contrato com a Parque Escolar, em Maio de 2009, rendeu quase 25 milhões.” 
Há coincidências comprometedoras. Mas não passam de coincidências…
Eurico Heitor Consciência


P.S. - Se gentes como o Lello e o Sr. Silva chamam nomes ao Engº Henrique Neto, será de votar nele, no Engº Henrique Neto.
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Obs: Medite-se nesta crónica que encerra o que de menos bom têm os partidos, os seus militantes, as relações entre eles e os interesses que querem servir em abono das lideranças do momento (e pretéritas). As motivações são sempre as mesmas: poder, dinheiro, influência. Nem sempre autoridade, porque esta, a auctoritas, só se ganha mediante conhecimento e muita preparação, e nem sempre os resultados das legislaturas indiciam que houve auctoritas na governação do país. Bem pelo contrário...
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