A degradação da democracia, das instituições e do Estado (de direito) em Portugal: a Húbris de Pedro passos coelho
Desde o 25 de Abril de 1974 nenhum outro ex-PM, no exercício pleno das suas funções, se desacreditou tanto perante os portugueses, desprestigiou a democracia pluralista e cerceou o pleno funcionamento do estado de direito como Pedro Passos coelho/PPC.
Sócrates, actualmente detido (sem culpa formada), nunca fora acusado desta forma no exercício das suas funções como o é hoje Passos coelho. Naquele caso, havia indícios, que ainda estão por demonstrar perante a justiça; neste caso, e apesar de se tratar de desvios à norma com menor gravidade civil e penal, não deixa de questionar a honorabilidade e o carácter daquele que ocupa a mais elevada função no Executivo.
Naturalmente, e tendo em conta a trajectória e perfil de PPC os três argumentos que alega para não pagar as contribuições à SS (desconhecimento da lei, distracção e falta de dinheiro) - não só são falaciosos aos olhos da opinião pública, como ainda degradam mais a pessoa do ainda PM e aviltam a personalidade colectiva do povo português - que ele supostamente deveria estar à altura de representar como chefe do Executivo.
Todavia, parece existir uma razão prévia que determina o carácter de PPC e condiciona todo o seu comportamento político. Essa razão decorre da húbris ou hybris de que ele padece, e que o faz passar sempre da medida, que o empurra - por esse tal desvio de carácter - para o descomedimento que gera nele uma confiança excessiva geradora da soberba que acaba por o tolher.
Até mesmo no momento da conferência de imprensa que deu para se justificar perante os portugueses das falhas graves que cometeu, a pretexto das suas continuadas evasões contributivas à SS (e ao Fisco) - em vez de revelar humildade e deixar um pedido de desculpas, extremou o discurso e afirmou que não era um cidadão "perfeito" (como se estivesse na antecâmara da divindade). Já sabíamos. Aliás, como agente político PPC é profundamente impreparado e incompetente, e, do ponto de vista humano, arrogante e tolhido pela soberba. O que está à vista de todos.
Ora, é aquele passar dos limites, aquele descomedimento que geram nele uma confiança excessiva, uma presunção e um orgulho exagerados que o conduz à arrogância e à insolência com que frequentemente pauta as suas intervenções públicas. Acresce que a circunstância de ter um parceiro de coligação, Paulo Portas, que revela mais competências comunicacionais e sentido de oportunidade política, apesar de valer sociologicamente menos no computo geral da aliança, agrava ainda mais essa desconfiança e complexo político de inferioridade em PPC. Na prática, o chefe do Executivo acaba por estar refém de um líder de um partido (o cds) que vale 6 ou 7% nas intenções de voto, o que é dramático no plano político e na relação que PPC tem com o interior do seu próprio partido.
Um líder político que tenha apenas para oferecer ao eleitorado aquelas características evidenciadas pelo carácter de PPC (descomedimento, confiança excessiva, orgulho exagerado, arrogância, presunção, insolência e soberba) mais cedo ou mais tarde acaba por ser punido pelo seu próprio veneno.
Talvez não fosse por acaso que na Grécia Antiga se fazia menção aos perigos decorrentes da falta de controlo daqueles impulsos, pois tratando-se de um sentimento violento o mesmo pode inspirar respostas igualmente violentas por parte de elementos da sociedade que, porventura, se possam sentir enganadas, defraudadas ou mesmo confiscados nos seus bens na sequência do tratamento diferenciado e/ou discriminatório que a Administração (seja a Segurança Social, o Fisco ou outra entidade pública) tem consoante se trate de elementos da classe política dirigente ou dos cidadãos comuns.
Um descomedimento, é bom lembrar, que PPC levou à exaustão quando a propósito do Memo da Troika ele, e o seu governo, extremaram o sentido das medidas nele previstas e foram muito para além dos objectivos consagrados no referido Memo: quer em matéria de esbulho aos salários e pensões dos FPs e pensionistas, quer em matéria de desmantelamento do Estado social, quer ainda em matéria de privatizações e de "reforma" do Estado que, consabidamente, foi miseravelmente apresentado por Paulo Portas num texto de 16 págs, em letra tamanho 14 para parecer um documento sério e espesso.
Mesmo que PPC não se demita imediatamente, é já um pássaro ferido das duas asas: perdeu a legitimidade funcional, já que ninguém acredita na sua preparação e competência para a governação; perdeu a honorabilidade que uma pessoa séria deveria possuir e demonstrar perante aqueles que governa; e, acima de tudo, PPC, sob a capa duma falsa calma e normalidade comportamental, revela paixões exageradas e desencontradas que, no seu conjunto, podem ser tipificadas como doenças de carácter agravadas pelo exercício desconexo e incompetente do poder.
Pedro Passos Coelho é um sujeito irracional que, por persistência, conseguiu capturar o poder, mas isso não faz dele um PM competente, preparado e muito menos sério. Antes pelo contrário, e à luz dos factos conhecidos (não se trata de indícios!!!) este personagem político está já na calha para que os deuses o queiram destruir, mas primeiro deixam-no louco.., como diria Eurípides.
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