sábado

Merecidos vexames - por VASCO PULIDO VALENTE -

Sobretudo quando esse bando de cleptocratas tem razão. O Jornal de Angolaescreveu sobre o assunto um editorial, em prosa duvidosa, mas no essencial cheio de razão. Depois de injuriar meticulosamente a opinião de cá (“preconceituosa”, “incoerente” e “estrábica”), o preopinante continua: “OsMedia em Portugal praticam diariamente atentados contra a Língua Portuguesa. Nos jornais já se escrevem mais palavras em inglês do que em português. Nas rádios e televisões a situação é (…) pior. Escrever e falar português contaminado de anglicismos e galicismos é uma traição a todos os que falam a língua que uniu os países da CPLP”. Descontando a hipérbole e um certo desconhecimento do que de facto acontece em Portugal, o Jornal de Angola não se engana.
Desde 1976 nenhum Governo se ocupou seriamente da defesa da língua. ODicionário da Academia de Ciências não passa de uma triste imitação doOxford Shorter, não há uma gramática decente e acessível ao leigo ou umThesaurus ou sequer, com as confusões do Acordo, um prontuário ortográfico decente e fiável. Também não há uma edição completa e crítica dos “clássicos” reconhecidos, nem a investigação universitária redescobriu a literatura do século XVI ao século XIX, que merecia outra sorte. Em matéria de língua, os Governos ficaram entre a ignorância e o desdém. Ou seja, abandonaram o principal interesse de Portugal e um dos seus melhores meios de influência. Nunca o Jornal de Angola escreveria o que escreveu se nós lhe pudéssemos responder com uma política e uma obra. Mas não podemos.
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Obs: A República portuguesa desceu tão baixo que até dá azo a que os media duma "democracia" com vocação para a autocracia se reportem a Portugal como um país que comete atentados contra a sua própria língua e cultura.
Já sabíamos. É tudo verdade. O que custa é ser recordado por essa gente; e ainda custa mais ser governado pela gente que ocupa S. Bento e Belém nesta miserável república das bananas...
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