sábado

Cavaco fala como Presidente da República ou ex-primeiro ministro??





Cavaco entende que não é por cessar o programa de assistência financeira da troika a Portugal que terminam os nossos problemas económicos. Que grande novidade!! 

Parece, afinal, que todos os portugueses concordam com essa pacífica posição, por demais óbvia em função da pobreza estrutural em que o país se encontra, até pela draconiana carga fiscal que o XIX Governo (in)Constitucional tem imposto aos portugueses, sobretudo espoliando os rendimentos legítimos de funcionários públicos e pensionistas, os mais sacrificados.

Cavaco, hoje sem eleições para disputar, poderá dar-se ao luxo de ser cristalino e defender a ideia de que, se não houver um largo consenso político e um programa cautelar, a crise portuguesa prolongar-se-á por mais duas décadas. Grosso modo, é o que defende nos seus Roteiros VIII, que é uma espécie de sebenta que só é lida pelos seus assessores, os mesmos que a redigiram e asseguraram a sua revisão técnica. 

Se não houver esse consenso, obrigando o PS a "deitar-se" politicamente com a actual maioria que confisca o país, não estão garantidas as condições de regresso aos mercados, o que poderá deitar tudo a perder. Tudo...

Sucede, porém, que Cavaco tem aqui um pequeno (grande) lapso. 

Afinal, em que dígitos está o desemprego, a dívida e o défice?! 

Cavaco é omisso. E é omisso porque sabe que de 2011 até ao momento - todos os indicadores socieconómicos se degradaram sobremaneira, com excepção das exportações, mas que não é motivo bastante para inverter o desemprego, reestruturar o débil tecido económico nacional e pôr a economia a crescer de forma sustentável. 

Em face destas contradições espelhadas nos seus Roteiros VIII - fará sentido perguntar ao locatário de Belém se os 20 anos de regressão socioeconómica para que remete os portugueses, caso não se verifiquem aquelas duas condições (consenso político alargado e o programa cautelar), não deverão ser imputados à década de ouro em que Cavaco foi primeiro ministro e nada mais fez pela economia nacional do que mandar construir estradas, escolas, hospitais (por mais importantes que sejam) e ainda o Centro Cultural de Belém - sem ter uma visão integrada do modelo de desenvolvimento do país

Daí concluir-se que Cavaco poderá estar a falar mais na sua condição de ex-primeiro ministro do que de corta-fitas de Belém. 


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