sexta-feira

Um homem sem qualidades - Robert Musil -

Dedicado aos novos bárbaros que, montados no aparelho de Estado, nomeiam familiares e amigos para importantes órgãos de decisão revelando, desse modo, que o rule of law em Portugal e a proclamada separação de poderes na nossa democracia - valem ZERO. 

- Se eles existem, porque não actuam?! 

- E é também aqui que as oposições politico-partidárias (frouxas) revelam o esplendor da sua densa incompetência. Do resultado temos um Portugal à deriva - entregue aos pequenos népotas deste nosso tempo tríbulo. 

- A nossa democracia é apenas formal. Os circuitos internos que explicitam a forma como tudo funciona revela, na essência, que vivemos numa democracia musculada - mais convergente com a ditadura do que com a democracia representativa, liberal e pluralista. 


«O Homem sem Qualidades» trata-se de um romance infindável recheado de diálogos e dissertações filosóficas em torno de um personagem, Ulrich, um homem de 32 anos, que, após fugazes tentativas de se tentar tornar, à vez, um militar, um engenheiro, e um matemático, resolve tirar um ano sabático, vivendo dos elevados rendimentos do pai, em que se dedicará a descobrir o sentido da vida para além dos simples aspectos do dia a dia, numa luta constante entre a razão e a alma, com a moral como epicentro. Não se sentindo na realidade ligado a nada, define-se como um homem sem qualidades visto que encara todas as possibilidades como viáveis, mas nunca se decidindo na prática a nada de concreto, sendo a passividade analítica a sua atitude natural. 





Obs: Robert Musil seria o escritor ideal para (re)ficcionar a reforma do Estado português. Visto de fora teria, seguramente, outra qualidade e uma requalificada capacidade para compreender como os novos bárbaros que - montados na sela do poder - cilindram a Investigação e a Ciência em Portugal em nome duns rácios e de uns critérios que ninguém compreende - se comparados com os buracos das PPPs, BPNs, demissões de ministros e acções conexas que exaurem o erário público. 

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