segunda-feira

O sismo de Kobe, Japão



A derrocada deste viaduto em Kobe, no Japão, em 1995, demonstrou a fraqueza de certas construções erradamente consideradas resistentes aos sismos. A verdade é que os tremores de terra continuam  derrubar edifícios, e os técnicos continuam a tentar limitar os riscos para a população. Uma das técnicas mais simples consiste em aplicar nas paredes e tectos grades de aço destinadas a impedir que os moradores fiquem esmagados ou asfixiados pela queda dos escombros . 

Naturalmente, a utilização destes materiais custam caro, mas são indispensáveis se queremos que as regiões sujeitas a  riscos sísmicos não fiquem despovoadas. 

Nestas zonas, a prioridade não é a beleza nem o custo financeiros das construções, mas a segurança de quem as habita. Ou seja, os prédios podem ruir, desde que não matem. 

As estruturas deformáveis, como as colunas ocas feitas de tubos de aço, são simultaneamente capazes de suportar as vibrações e de se desmoronarem torcendo-se, ao passo que os pilares de betão maciço rebentam, projectando estilhaços perigosos, por vezes mortais.

A vantagem de cada desgraça desta magnitude é que cada novo sismo permite melhorar os conhecimentos dos projectistas neste domínio, e as normas de segurança das construções evoluem constantemente. Assim, no Japão, a intensidade do choque a que os edifícios conseguem resistir duplicou entre 1920 e 1950. 

Quando o sismo atingiu a cidade de Kobe em 1995, os edifícios antigos sofreram estragos mais importantes do que os mais recentes. As estatísticas confirmam-no: 36% dos prédios construídos antes de 1971 foram destruídos, contra 11% dos datados de 1971 a 1980, e 8% apenas dos posteriores a 1980. 

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Geologia Ambiental
   Elementos de apoio preparados por J. Alveirinho Dias
Mai 00   .
   
 
Casos de Estudo
 
Enquadramento sismotectónico
Ruptura Superficial
Ondas Sísmicas
Danos Infraestruturais
Incêndios
Liquefação
 
O Sismo de Kobe (Hyogo-Ken Nanbu)
 
17 de Janeiro de 1995
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Enquadramento Sismotectónico
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No sismo de Kobe (também designado, mais correctamente, por sismo de Hyogo-Ken Nanbu), verificado no Japão a 17 JAN 1995, pereceram cerca de 5 000 pessoas. O facto do sismo ter provocado tantas vítimas, num país onde reconhecidamente se têm efectuado tantos esforços para que as populações estejam preparadas para este tipo de acontecimentos, chocou os observadores internacionais. A análise do sucedido permite concluir que, muito provavelmente, a amplitude desta catástrofe se ficou a dever a coincidência de factores sismológicos, geológicos e societais.
A cidade de Kobe localiza-se próximo da fronteira entre as placas tectónicas do Pacífico, das Filipinas e Eurasiática. A fronteira entre estas três placas é do tipo compressivo, formando um ponto triplo de zonas de subducção. A zona de subducção entre as placas das Filipinas e Eurasiática tinha já, no século XX, provocado grandes sismos, designadamente os de 1944 e de 1946 (vejam-se as zonas traçadas a vermelho no mapa).
Kobe está, também, próxima de uma grande falha de desligamento dextrógiro, assinalada a traço amarelo mais fino no mapa da figura ao lado.
 
   
No mapa da figura a preto e branco estão assinalados os epicentros das réplicas do sismo, verificadas nas 48 horas seguintes ao evento principal. A concentração dos epicentros permite delinear a falha que jogou durante o evento, a qual se localiza bastante próximo da cidade de Kobe. Verifica-se, assim, que a distância de amortecimento das ondas sísmicas foi quase nula, o que justifica o fortíssimo abalo sentido e as destruições verificadas. Caso análogo registou-se, também, no sismo de Northridge, na área de Los Angeles, nos Estados Unidos da América, a 17 JAN 1994.
No entanto, só foi observada ruptura superficial numa área rural da ilha de Awaji, onde foram quantificados deslocamentos de até 3 metros.
 

 


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