Como os ministros pensam - VASCO PULIDO VALENTE
A Fundação para a Ciência e a Tecnologia atribuiu 298 bolsas de doutoramento, ou seja, a quase 40 por cento dos candidatos que se apresentaram. Para estudos pós-doutorais, a que concorreram 2035 pessoas, a dita Fundação deu generosamente 233 bolsas, ou seja: 11,45 por cento do total. Muitas coisas se poderiam dizer sobre isto. Mas, como se escreveu neste jornal, os cortes foram um “massacre” que afectará muito tempo a Universidade portuguesa e que mata de repente uma tendência que já começava a ganhar uma certa força. O responsável pela coisa é o dr. Nuno Crato, ainda ministro de um Governo que por aí vai sobrevivendo, sem direcção, sem programa e sem coerência. Não acreditam? Esperem pelo próximo episódio desta telenovela.
Claro que, se o “presidente” ou “director” desta original loucura tiver um resto de juízo, manda ao sr. Pires de Lima e ao sr. Crato uma cartinha, aconselhando este excelentíssimo par a devolver as bolsas a quem as tirou e pedindo respeitosamente a sua demissão. Mas, como uma criatura destas não é fácil de encontrar em Portugal, só nos resta, para nos divertir, fazer listas comentadas das contradições destes cavalheiros e de Passos Coelho e Portas, que os deveriam vigiar. Verdade que o tempo não está para risotas, sobretudo num caso destes. De qualquer maneira talvez não deixasse de confortar os portugueses compreender a inteligência e a subtileza de quem os pastoreia. Quando o disparate ferve, convém estar preparado para qualquer emergência. Nada impede que amanhã eles nos declarem uma colónia de Andorra, em nome da independência nacional.
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