quarta-feira

Portas não desiste de ser o primeiro-ministro em funções. O expediente são as malfadadas exportações


Paulo Portas "soma e segue": está em tudo quanto é reunião, congresso, conferência que sirva para demonstrar que as exportações aumentaram relativamente aos períodos homólogos do ano anterior, e que isso é mecanismo salvador de Portugal e dos empresários portugueses, bem como de toda a nação. 

A imagem que ele pretende dar de si é a do salvador da pátria, ante a incompetência do PM eleito, Passos Coelho, mas que não exerce porque esse lugar foi tomado por Portas  - aquando da sua nomeação para Vice-PM no verão passado e após o psico-drama conhecido na sequência da demissão de gasparzinho (agora em trânsito para Bruxelas).

A gravitas que deposita nesse tipo de declarações e de aparições públicas representa bem a farsa que ele pretende impingir aos portugueses: acena, pisca-os-olhos, recebe cartões pessoais, dá palmadinhas nas costas das pessoas, muitas das quais estão desesperadas e cheias de dívidas. Mas Portas gosta disto, como se estivesse num comício e, em funções de Estado, comporta-se como tal. É este o one-man-show que não vale mais de 5,5% nas intenções de voto. 

Mas há mais: neste quadro de aparente sucesso, urge referir que mesmo que as exportações aumentem não é (só) por aí que uma economia nacional se desenvolve, nem é por causa desse aumento que se tem estimulado o emprego e a economia de bem-estar nas pessoas. O que se tem verificado é que as mesmas empresas, com menos trabalhadores e mais capital intensivo, têm produzido mais, mas isso tem sido conseguido através duma desvalorização das condições salariais e com substituição do homem pela máquina, o que é gerador de mais desemprego e precariedade. 

Além de que nestes últimos 2/3 anos nenhum grande Investimento Directo Estrangeiro (IDE) se conseguiu captar, para criar riqueza em Portugal e, com isso, fortalecer o nosso mui débil tecido económico e social. 

Portas, como bom propagandista, experiência adquirida durante décadas na direcção do semanário Indy, instrumento de abate ao cavaquismo, só revela uma parte da verdade, a outra parte, porventura a mais relevante, ele tenta escondê-la, como quem procura - infrutíferamente - esconder a careca.

Mas há coisas que, por demasiado óbvias, já não vale a pena esconder...


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