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Terramoto como o de 1755 pode destruir 30% do PIB e causar mais de 10 mil mortes




Nota prévia: mais um contributo para a gestão do risco de catástrofes naturais cada vez mais urgente para definir metodologias, adoptar tecnologias e consubstanciar políticas públicas na área da Protecção Civil Internacional em face das emergências globais cada vez mais frequentes resultantes das alterações climáticas que, em boa medida, são potenciadas pelos comportamentos humanos (desviantes). Felicite-se o investigador, a equipa e as instituições envolvidas no projecto. 





Terramoto como o de 1755 pode destruir 30% do PIB e causar mais de 10 mil mortes

Universidade de Aveiro cria 'software' único no mundo que prevê perdas humanas e económicas provocadas pelos sismos.




A aplicação foi desenvolvida pelo investigador Vítor Silva, do Departamento de Engenharia

Civil da Universidade de Aveiro (UA), no âmbito do projeto internacional Global

Earthquake Model, e calcula que um sismo com a mesma magnitude (8 na Escala de

Richter) e o epicentro no local que desencadeou o Terramoto de Lisboa de

1755, provocaria hoje mais de 10 mil mortes e uma perda de 30% do PIB nacional.

O OpenQuake é um dos resultados da parceria público-privada iniciada em 2006 pelo

Fórum Global de Ciência da OCDE, que através do projeto Global Earthquake Model

juntou dezenas de instituições internacionais no desenvolvimento de bases de dados e

ferramentas de avaliação do risco sísmico em todo o mundo.

Software usado nos EUA.


software da Univerdade de Aveiro já foi usado em parceria com o United States

Geological Survey - a instituição americana que estuda a topografia da Terra, os recursos

energéticos e os desastres naturais - para estimar as perdas humanas anuais para cada país

do mundo.

Os resultados indicam que é no sudoeste Asiático e no Médio Oriente que se concentram

os países onde o número anual de mortes provocadas por sismos é elevado e, por isso, é

aí que os apoios financeiros internacionais (União Europeia, Banco Mundial) para reforço

dos edifícios devem ser prioritários.

O OpenQuake está ainda a ser utilizado pelo PRISE, um projeto nacional financiado pela

 Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) que envolve várias instituições e pretende

calcular as potenciais perdas materiais e humanas em edifícios residenciais em Portugal.

"Quando este projeto terminar daqui a um ano, caso ocorra um sismo em qualquer parte

do país será possível, numa questão de minutos, estimar quais as zonas do território mais

atingidas e que, consequentemente,merecem especial atenção e meios de apoio",

antecipa Vítor Silva.

Para efetuar as previsões, são necessários dados sobre as placas tectónicas e falhas 

geológicas da área geográfica  que se pretende analisar; a localização, valor e número de

ocupantes dos edifícios aí situados; informações sobre a qualidade da construção e estado

de conservação dos imóveis na zona em investigação.Ferramenta da prevenção

Essas previsões servem para indicar a governos, cientistas e à população qual é a

vulnerabilidade sísmica de determinada área - num país, cidade ou rua - e a urgência ou

não de se tomarem medidas preventivas que minimizem o número de mortes e os

prejuízos económicos resultantes de um terramoto.

"O OpenQuake é uma plataforma de acesso livre para o cálculo da perigosidade e do risco

sísmico", explica Vítor Silva, "e permite calcular a distribuição das perdas e danos para

um cenário específico da ação sísmica, ou das perdas acumuladas devidas a todos os 

eventos sísmicos que podem ocorrer numa determinada região num dado período de

tempo".

A determinação do risco sísmico pelo OpenQuake "depende principalmente das 

componentes perigosidade sísmica, exposição e vulnerabilidade", acrescenta o

investigador. A última componente "assume particular importância, na medida em que

uma eventual intervenção ao nível do reforço estrutural dos edifícios e infraestruturas

pode ter influência direta na redução do risco sísmico associado".


Vale do Tejo e Algarve serão os mais atingidos


Para estudar o comportamento dos edifícios portugueses em cenários sísmicos, Vítor Silva

recolheu, junto de várias instituições públicas nacionais, dados sobre as construções dos

últimos cem anos, nomeadamente sobre os materiais, técnicas de construção usadas e

valor patrimonial. No OpenQuake juntou ainda o atual número de ocupantes de cada um

dos edifícios (Censo de 2011) e os registos das falhas tectónicas capazes de influenciar o 
território nacional.

O resultado deu origem a mapas onde se conseguem ver, ao nível das freguesias, as 

perdas esperadas. Assim, as regiões de maior risco sísmico estão à volta do Vale do Tejo,

mais precisamente as zonas de Lisboa, Santarém e Setúbal. E no Algarve, em particular na

região mais a Oeste.

Comparando os dados do Censo de 2001 com os de 2011, há um decréscimo do risco sísmico a nível nacional mas
há, igualmente, um ligeiro aumento para o Vale do Tejo e Algarve, porque os edifícios, 

apesar de serem mais resistentes, existem em maior número.

Vítor Silva alerta que "um grande sismo irá acontecer mais cedo ou mais tarde em

Portugal e o cenário para Lisboa e Algarve será bastante desastroso".

Universidade de Aveiro As freguesias de maior risco sísmico, onde as perdas humanas e materiais poderão ser maiores, situam-se na região à volta do Vale do Tejo e no Algarve.

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