Tortura: novos pobres e neo-cobardes
Privar do mínimo de dignidade milhares de pessoas e de famílias, como hoje diariamente acontece em Portugal, o que é senão uma neo-forma de tortura?!
- Privar as pessoas de terem os recursos necessários para, pelos seus meios de subsistência, aceder aos bens primários - como os alimentos essenciais à vida, o que é senão uma forma de neo-tortura?!
- Do Porto a Setúbal, passando por Lisboa e um pouco por todas as regiões, cidades e aldeias do país - grassa a fome. Umas vezes ela é manifesta e assumida abertamente, outras vezes é oculta e/ou dissimulada por razões de pudor, orgulho e personalidade - que são aspectos atendíveis na vida das pessoas que urge sempre salvaguardar.
- Neste quadro negro em Portugal, considero que os agentes políticos no poder nos últimos 20/30 anos entre nós, são os principais responsáveis - directos e indirectos - pelo resultado a que chegámos hoje. Como a governação não é um conjunto deliberado de actos de maldade, presumo que a bondade humana também tenha limites. E esses limites passam por barrar o confisco dos nossos bens pelo fisco, emparedar o esbulho institucionalizado dos salários dos fp e pensionistas e, dum modo geral, obrigar o governo à descida geral dos impostos.
À semelhança doutros tempos, o Estado comporta-se hoje, e em particular os agentes que integram esse amontoado de pessoas que segura essa "jangada de esferovite" que é o XIX Governo Constitucional, como um verdadeiro carrasco, um torturador corpóreo e mental das pessoas e das empresas em Portugal. Um torturador que chega a perder a consciência do que é e representa para as populações que diz representar. Nesse sentido, o actual Estado não passa dum aleijadinho mental, sem um pingo de dignidade e de sensibilidade social.
Com uns três milhões de pobres em Portugal, talvez não seja marginal recordar o conceito jurídico de tortura, balizado pela ONU em 1984, segundo a Convenção Internacional contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos e Degradantes.
Assim, reza o seu artº 1, alínea 1) dessa mesma Convenção:
Com base neste enquadramento jurídico seria útil perguntar aos titulares dos cargos públicos, designadamente ao primeiro ministro (que nada percebe de economia, muito menos de finanças públicas), à sua professora, Mª Luis albuquerque (que julga que percebe, mas não passa duma gestora de riscos e contratos de elevado risco), e ao vice-pm, Paulinho portas (que não percebe nada, mas finge que engana o povo com comunicações criminosamente dissimuladas) - se, porventura, não lhes passa pela cabeça que das suas opções de política económica resultam verdadeiros casos de barbárie entre nós: empresários que se suicidam por não conseguirem pagar dívidas, pessoas sem esperança que também põem termo à vida, enfim, milhares de indigentes vivendo uma situação de pobreza extrema, a que se soma, doravante, os novos pobres - que já foram classe média - e, hoje, se encontram verdadeiramente confiscados e reféns da ajuda de IPSS, ONGs, da chamada solidariedade de proximidade.
Se calhar, o velho Soares não anda assim tão longe da realidade como pensamos e falamos baixinho. E continuamos a falar baixinho e a pensar o que dizemos em segredo, como no tempo de Salazar, porque não passamos, verdadeiramente, duma carneirada sem qualquer dignidade, personalidade e coragem para afirmar os pressupostos estruturantes dum mundo melhor e mais digno.
Se não for para nós, pelo menos que o seja para os nossos filhos e netos, sob pena destes nos acusarem de lamentável cobardia. A mesma que alguns de nós critica hoje, perversamente, no velho Soares...
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