Eleições autárquicas demasiado livres. A podridão da política
Resta hoje a convicção entre as pessoas, apesar da estrondosa impreparação do XIX Governo (in)Constitucional, que os resultados das próximas eleições autárquicas não puna os incompetentes e, de caminho, também não premeie os inocentes. Inocentes que, bem ou mal, tentam capturar o poder, como o PS, a fim de fazer algo com ele em nome do bem comum das populações.
Neste colete-de-forças em que o país se encontra, importa perguntar se haverá volatilidade eleitoral, ou seja, uma mudança líquida no sistema de eleições partidárias que resulta das transferências individuais de voto comparado com a eleição precedente.
Mas mais importante do que perceber o "quanto", importa compreender o "porquê?".
Toda esta equação política é baralhada se introduzirmos aqui a ideia, patente em algumas sondagens, de que os sondados não revelam grande afastamento psico-eleitoral relativamente ao actual partido do poder, ou à coligação contra-natura que o sustenta artificialmente, como se estivesse ligado à máquina.
Presumindo que o eleitorado português não é irracional (nem idiota), a percepção que o votante tem do sistema partidário é mensurável em termos de distância relativa das opções em jogo face à sua posição pessoal.
Tal significa, na prática, que o eleitor fará as suas escolhas no espaço imaginário ocupado pelos partidos, as quais tenderão a variar consoante as alterações quer do posicionamento da força partidária antes apoiada quer da própria mutação das suas convicções.
E aqui talvez não seja marginal sublinhar que muito do eleitoral tradicional do centro-direita, hoje profundamente desiludido com as falsas promessas e as erradas políticas públicas da actual e impreparada coligação do centro-direita, alguma dela até se diz monárquica (e maçónica) - vote, de facto, no BE, no PS e, mas escassamente - e como voto de protesto - no PCP. Haverá de tudo um pouco, o que potenciará a pulverização e consequente atomização socioeleitoral nestas eleições autárquicas de 2013.
Todavia, neste quadro não se consegue apurar se a volatilidade eleitoral é escassa ou tem uma dimensão expressiva, porque as sondagens não conseguem captar as verdadeiras intenções dos eleitorados, os novos partidos - que se resumem ao BE, irão tentar captar o eleitorado flutuante e, desse modo, gerar mudanças ao nível individual, independentemente da habilidade dos seus líderes ou até do rumo táctico adoptado.
Numa palavra: creio, apesar de tudo, que estas eleições autárquicas terão, necessariamente, uma leitura nacional para penalizar o governo em funções altamente pernicioso para o país e para os portugueses. Nesta medida, algum eleitorado que votaria PSD tenderá, naturalmente, a votar PS ou, no limite, BE; e aqueles que, por qualquer razão decorrente da actual liderança do PS/Seguro - poderão fazer deslizar as suas convicções e desenvolver um voto-protesto e cair no PCP.
Haverá de tudo, ainda que o mais grave para a democracia e para os mercados, é termos um primeiro ministro a afirmar que confia em alguns dos seus ministros, especialmente aqueles que comprovadamente recorrem ao expediente do PERJÚRIO como forma permanente de fazer política em Portugal.
É a podridão da política, dirão alguns...
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