sábado

Dar poder aos cidadãos - com responsabilidade, liberdade, dignidade


Em mais uma manifestação pacífica os cidadãos procuram organizar-se para dizer BASTA a um conjunto de aspectos da vida pública, da governação económica, financeira e social com as quais discordam frontalmente. 

Este é o tempo de os milhares de cidadãos em Portugal, enquadrados ou não por partidos ou em movimentos sociais, testarem o modelo de troca da sua intersubjectividade e, também por essa via, medirem os seus próprios limites à comunicação directa, embora depois a mesma seja mediatizada pela cobertura que tais eventos assumem no espaço mediático. 

Este também é o momento de essas "solidões organizadas", dentro e fora das redes sociais - ao nível das nossas sociedades e doutras que, nesta nossa Europa em pedaços, comungam dos nossos problemas, possam trazer soluções e propostas diferentes daquelas a que tem conduzido o actual e incompetente governo que rima com AUSTERIDADE = ESBULHO AOS RENDIMENTOS LEGÍTIMOS DO POVO PORTUGUÊS.

Poderá objectar-se: será mais um dia para extravasar emoções e sentimentos, libertar tensões, lamúrias e farpear a classe política que é considerada incompetente, corrupta, impreparada e socialmente insensível. 

Poderá ser assim, de facto, mas se admitirmos que estas manifestações, no plano imediato, nada resolvem, porque são vistas como utópicas, arruaceiras, enquadradas pelos sindicatos ligados, por sua vez, ao PCP (CGTP) e PS (UGT), essas manifestações têm o grande mérito de evitar que o gap entre os governados entre si aumente, i.é., que se limita o afastamento dos indivíduos com a sociedade e, por maioria de razão, com o Estado composto pelos dirigentes que, hoje, achamos impreparados, incompetentes e, alguns deles, imorais, de que o sr. miguel relvas constitui o exemplo mais execrável da vida pública nacional por razões conhecidas de todos.

Daí que estas manifs tenham inúmeras virtudes ao cimentar as pessoas em torno dum objectivo: Portugal e os portugueses, evitando o desfasamento entre o pensar colectivo e pulsar das suas populações e o agir que urge tomar em mãos. 

Este tipo de manifs são tanto mais necessárias quanto os cidadãos na Europa ocidental são, em matéria de informação, "anões" no domínio da acção mas são "gigantes" no domínio da informação a que vão tendo acesso, o que permite alargar consideravelmente o nível da percepção do mundo em que vivemos, sem, ao mesmo tempo, poder alargar, proporcionalmente, a sua capacidade de acção.

Esta manifestação, oriunda quase exclusivamente da insatisfação e INDIGNAÇÃO  da sociedade civil, é um sério contributo para alargar essa capacidade de acção, limitando cada vez mais o já exíguo espaço de manobra que o ainda governo de centro direita tem em Portugal. 

Todavia, a situação seria pior entre nós, como ocorreu durante quase meio século de ditadura, até Abril de 1974, se todos e cada um dos cidadãos não tivessem acesso livremente a essa superinformação, a qual nos dá a sensação e a vantagem de estarmos todos ao mesmo tempo a par dos problemas globais do mundo, ainda que tais problemas interfiram diferenciadamente em cada uma das nações de que somos parte, em resultado dos diferentes níveis e ritmos de desenvolvimento, crescimento e modernidade perante os fluxos globais gerados pela globalização. 

- Quer dizer, a situação seria francamente pior se o cidadão, como no passado recente, não apenas não tivesse grande capacidade de acção como estivesse, além disso, isolado do mundo. Hoje, esta capacidade activa que temos em procurar a informação, para a organizar, racionalizar e comunicar, evita que o cidadão esteja completamente perdido e dominado por classes políticas corruptas, incompetentes e impreparadas que nunca deveriam ter chegado ao poder. 



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