sábado

Origem das coisas. Deus inside out...

IMPULSIONADO PELA ENERGIA, O MUNDO CONTINUA A EXPANDIR-SE. SERÁ DEUS, SERÁ ALGO DISTINTO!? ALGUÉM ANDA A BRINCAR CONNOSCO, E JÁ HÁ MUITO TEMPO!!
Na discussão destas matérias, que rapidamente se convertem em becos epistemológicos, podemos sempre adoptar duas atitudes distintas: uma, animada por uma profunda crença na existência de um só Deus criador do universo, e aqui ficamos perante a dificuldade de o demonstrar, a não ser pela fé inabalável desse Ser e ente superior que tudo criou, e depois lá fez o homem à sua imagem e semelhança, repleto de imperfeições: corrupção, miséria, ditadura, injustiças de toda a ordem mais uma miríade de pecados. E uma outra atitude, mais científica que procura repousar as suas asserções em pressupostos da ciência, recorrendo à Física e a numerosas ciências exactas e muita, muita matemática potenciada e aplicada pela informática avançada e pelas tecnologias de precisão hoje disponíveis.
Sendo dois caminhos distintos, tal não significa que não possamos reunir as duas posições numa pessoa, ou seja, há pessoas que, como Einstein, prosseguiam a via da ciência mas não marginalizaram a via da fé e (alguma) crença que poderia prolongar os resultados inacabados dos instrumentos da ciência. Daqui resulta um cientista com fé. Embora Einstein não era uma pessoa crente. A esta luz, acreditava num Deus à maneira de Espinoza, panteísta, que pressupunha a existência da natureza em obediência a uma lógica, pelo que nunca falou de uma divindade específica de contornos religiosos. Aliás, Albert Einstein terá escrito uma carta, em 1954, imediatamente antes da sua morte, em 1955, onde testemunha a sua ideia sobre Deus: o produto da fraqueza humana.
Isto converge com uma outra ideia segundo a qual o homem inventou Deus por causa do medo. Aqui chegamos à sua concepção de Deus, seguindo um traço panteísta, também partilhado por Agostinho da Silva, o que dá mais liberdade de pensamento para integrar a ideia de Deus na experimentação, na razão, na emoção, numa descoberta, num poema, no vento que agita a folha e a faz cair, enfim, em algo que pode ter uma existência exterior a nós, i.é, que existe algo independentemente de nós, seres humanos, que se ergue diante de nós como um eterno mistério. Talvez inacessível à nossa capacidade de pensar.
É talvez diante esta impossibilidade que regressamos à visão platónica da vida, que atribui a ordenação e sentido do mundo a uma entidade externa a nós. O nosso papel, enquanto crentes, cientistas, homens comuns que podem ser ambas as coisas, é o de prosseguir incessantemente nessa busca na esperança de descobrir algo que possa confirmar mais a posição do cientista do Big bang, ou a posição do crente animado pela fé inabalável que repousa invisivelmente em Deus. Arbitrar isto é complicado, para não dizer que urge mudar de assunto porque este é um tema inesgotável e está para lá da nossa compreensão.

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