quinta-feira

A mentira política em Portugal passou a ser grosseira

A mentira política em Portugal passou a ser grosseira, despudorada, primitiva. Esta perda do seu nível de sofisticação também diz algo acerca dos que hoje conduzem a direcção da mentira, seja para modelar o discurso público acerca do que serão os salários, pensões e subsídios de férias dos portugueses, seja para gizar uma ideia para Portugal, que não existe, simplesmente. E é isto que é trágico. Não se governa, gere-se o país como quem vende botões numa retrosaria de bairro em regime de insolvência. Os portugueses fingem-se enganados, mas, na realidade, eles há muito que sabem que nada mais há além da mentira, da ficção e da ilusão. Mecanismos que servem os propósitos dos que mais manipulam o sentido da mentira. Tudo hoje em Portugal passa pela mentira política, pelo que convém dar-lhe uma dignidade nas artes, no ambiente, na economia, nas finanças. Ah, as finanças!!! A mentira em Portugal foi elevada à categoria de sistema, ela já é uma ideologia, faz doutrina em qualquer círculo de poder, domina a Constituição - cujas normas também nunca corresponderam aos objectos que visavam garantir. Portugal converteu-se, pois, numa espécie de sociedade de mentirosos que tem como tarefa criar um embuste político, que é o projecto mais ambicioso que hoje a República tem. Hoje, qualquer homem que se digne tem (e deve) contar a sua mentira, dentro e fora da governação, de preferência dentro. A mentira é hoje o anzol e o isco que servem para medir forças, identificar adversários na arena política, posicionar reformas, comprar influências e o mais. Por isso, urge desconfiar de toda a oposição, não vá o poder descobrir que aquela mente mais do que este. Já é uma questão de dignidade, pois este deve sempre mentir mais do que aqueles. E aqueles que resistem, ou seja, aqueles que se limitam a pensar e a dizer a verdade, devem ser imediatamente excluídos dos círculos sociais, já que o objectivo primeiro é tornar a mentira obrigatória e suscitar uma verdadeira sociedade de mentirosos imperturbáveis. É para isso que trabalhamos, é para isso que cá estamos. É, afinal, para isso que vamos lixar mais os salários, pensões e subsídios dos portugueses até dois mil e.... Bom, também aqui a doutrina se divide. Não sabemos ainda o ano que será objecto do efeito da mega-mentira, desígnio que hoje dirige a Nação em direcção ao esplendor negro deste tempo que passa.

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