quarta-feira

Banalidade do mal: o monstro da Noruega é, afinal, um "piegas" além de assassino...

Reclama-se um purificador da sua raça (que se desconhece), logo um opositor ao multiculturalismo, e esse pretexto, no seu entender, dar-lhe-ia, o direito de matar em série e ainda contestar a legitimidade do tribunal que o vai julgar no seu próprio país.
Depois alega que não está sózinho, mas funciona em rede, juntamente com outras células (e outros "cavaleiros") que comungam dos mesmos ideais de purificação da raça e cujo objectivo é vender sonhos e inspiração a outros que prossigam os mesmos objectivos de destruição pela violência gratuita. Ou seja, temos aqui um bin Laden em pequena dimensão, mas que começou logo a matar em série.
Hoje tem o foco dos media mundiais sobre ele, o que desperta ainda mais a curiosidade e alimenta o fanatismo de todos aqueles que, situados dentro ou nas franjas da sociedade, desenvolvem uma cultura de violência e anti-sistema que visa a destruição da diferença em nome de valores racistas e de ideologias que conduzem à violência gratuita.
Esta acto encontra paralelo com alguns actos praticados no seio dos totalitarismos nazi e estalinista. Realidades que nos reportam para o fim da IIGM em que 6 milhões de judeus foram literalmente assassinados em nome da purificação da raça ariana. Na prática, isto tem nome: genocídio contra os judeus, e foi esta "banalidade do mal", segundo a expressão da filósofa alemã, Hannah Arendt, naturalizada norte-americana, que teorizou e fundamentou esta maldade monstruosa que está no homem e que acabou por precipitar crimes e guerras entre os Estados ao longo do séc. XX.
O monstro da Noruega é, assim, e em pequena escala, uma amostra dessa banalidade do mal que teve paralelo no regime nazi e no genocídio a que votaram o povo judeu no decurso da IIGM. Por isso, acho grave que ainda não se tenha limitado as aparições públicas deste criminoso norueguês, até para evitar fanatismos que depois são mais problemáticos de aplacar, tratando-o como se ele fosse o Prémio Nobel da Física.
Circunstância que nos obrigará a todos a repensar o papel dos media nestas situações especiais e que, em rigor, espelham uma brutalidade que deve ser entendida, normativizada e tipificada como um crime contra a humanidade. Pelo que este elemento, que deveria ser tratado como um ser inominado, que mata 77 pessoas e ainda se gaba do feito pela sua capacidade organizadora e logística, deveria ser julgado à porta fechada por todos e por cada uma das vidas inocentes que bárbaramente ceifou, e posto numa solitária a cumprir centenas de anos de cadeia.
Não agir assim é, directa ou indirectamente, criar pretextos e precedentes que ainda podem dificultar a aplicação da justiça a este criminoso em série e a servir de inspiração a potenciais criminosos que defendem o mesmo modelo ou concepção de sociedade e recorrem aos mesmos meios violentos para satisfazer os egos ezquizofrénicos destes megalómanos.
O mundo sempre foi perigoso, mas hoje mais do que nunca pelo tipo de dispositivos tecnológicos ao serviço de cada pessoa.

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