Os Romanos durante a decadência. Os portugueses romanos
Os Romanos durante a decadência, 1847
Thomas Couture (1815-1879)
Óleo sobre tela, 4,72m x 7,72 m
Paris, Museu d’Orsay
Em nome da responsabilidade democrática, repetem-se erros do passado: o denunciador do "monstro" do OGE foi o seu principal fomentador. E apesar de conhecidos e até denunciados, replicam-se os mesmos erros e outros ainda piores na administração do Estado - que é de todos nós. Em nome do crescimento económico, também se produz aceleradamente a decadência do nosso tecido empresarial, já de si débil, profundamente dependente do Estado e pouco competitivo, até porque os custos dos factores de produção, designadamente, a energia não ajudam. Degrada-se a valorização do trabalho, não se atrai IDE, não se fixam pessoas no interior, cada vez mais desertificado, e assim perdemos a escassa competitividade nacional, salva pelo sol, praias e gastronomia. A tradicional simpatia lusa já é um bem escasso e está na razão directa da recessão que galopa. Hoje fazem-se congressos partidários para puxar o lustre ao umbigo, para promover uns amigos mais íntimos e dispensar outros amigos menos íntimos, na roda da sorte deste carrossel que chamamos vida. Uma vida politico-partidária com cada vez menos relação com a meritocracia. Numa palavra: hoje continua-se a explorar o homem pelo homem, mas comprometendo as gerações futuras, que pagam no presente o custo das ilusões do passado. O país inteiro ficou refém do seu passado no presente e nos presentes sucessivos que tecem um futuro sombrio. Deste quadro realista sobressai a imagem de decadência que os portugueses escolheram para viver, como se fossem os novos romanos. Sem que os protagonistas políticos e sociais possam romper essa bolha de endividamento e subdesenvolvimento e encontrem um apoio para sairmos do buraco. Os congressos político-partidários em nada contribuem para rebentar essa bolha. Ontem, o país assistiu à teoria prática desse enunciado. Essa circunstância configura um indicador moral, social e político da maior decadência que Portugal e os portugueses atravessam nos últimos 50 anos. Em nome da política se vai construindo a anti-política, em nome do Estado se vai construindo a barbárie dos novos tempos. E é pena...
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