quinta-feira

A greve geral de efeito parcial

O Gov, em matéria de política laboral, tem um objectivo: partir a espinha aos sindicatos; estes, por seu turno, desejam fazer o mesmo ao Gov, paralisando o país e, no final do dia, apresentar indicadores que corroborem que a greve foi de facto geral, e não parcial.
O destinatário desta relação sempre desequilibrada e tensa, é o "zé povinho", sempre agrilhoado e que paga os transportes e, no final do mês, vê os seus rendimentos diminuídos pelos dias que faltaram ao trabalho por não terem esses mesmos transportes.
Isto é hoje um retrato do Portugal do 1º quartel do séc. XXI, mas que já foi o retrato do Portugal de antes e depois de Abril/74.
Em rigor, os nossos equilíbrios sociais encontram-se no mesmo estado de degradação, com o Gov a querer partir a espinha aos sindicatos, estes a pretenderem fazer o mesmo aos governos e o povo a ser vítima da incompetência de ambos. Nesta relação, o empresariado, por ter interesses mais convergentes com os governos, acaba sempre por se posicionar do lado das autoridades, o que introduz sempre mais tensão e conflitualidade no sistema, sem que daí resultem sinergias futuras úteis à modernização e desenvolvimento da economia nacional.
Na prática, todos contribuem para adiar o futuro do país que hoje está no Index das instituições financeiras e económicas internacionais que nos avaliam como a nova Albânia da Europa.
Marx, afinal, 200 anos depois, continua a ter razão, mesmo quando explicava as correlações socioeconómicas numa sociedade com o determinismo pesado decorrente da influência do Das Kapital.

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