Regresso a Platão, de passagem evoco Popper
O filósofo, por dever de prudência e culto da sagesse, elimina à partida a hipótese de um equilíbrio institucional dos governantes, centrando a atenção na escolha do escol dirigente. Ele sabe que o poder deve estar nas mãos do mais sábio e do mais virtuoso, i.é, daquele que pode vir a dominar a arte de governar.
Também não seria sensato advogar o governo do mais perverso, apesar de ser isso que ocorre em inúmeras situações. Mas esta equação não nos deve fazer esquecer que nem sempre, ou na sua grande maioria, os agentes políticos, mormente em Portugal, primam pela virtude ou pela sabedoria, qualidades cada vez mais difíceis de encontrar, sobretudo no Governo - que foi confrontado com uma dupla camada de problemas: os que herdou do Gov anterior mais os problemas que tem criado nos últimos meses, por força das abusivas medidas de austeridade já aplicadas.
Destas constatações, fáceis de ilustrar com centenas de exemplos, próximos e remotos, seja em matéria de políticas domésticas, seja no domínio de políticas externas (comunitária, africana e internacional), talvez seja mais fácil preparar o povo para os piores dirigentes, sem, contudo, deixar de aspirar aos melhores?
E é aqui que se opera uma pequena revolução, pois já não basta saber Quem deverá governar? - por uma questão mais actualizada às sociedades pós-modernas - vertida na equação - Como poderemos organizar as instituições políticas de forma a evitar que os governantes perniciosos ou incompetentes provoquem danos excessivos nas sociedades?
Ao regressar a Platão também evocamos Sir K. Popper, cujas formulações são aqui tão bem lembradas.
Uma resposta tola seria precipitada advogando a realização de eleições em termos trimestrais, dando, teoricamente, a garantia de inaugurações de 90 em 90 dias. O que, em tese, seria útil para as populações.
Mas também aqui o excesso de promessas poderia comprometer a bondade da proposta.
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