terça-feira

Toda a ditadura precisa da sua eleição-fantoche para se legitimar

Notas prévias: 1) a reacção da dita Comunidade internacional rel/ à ditadura de Assad, na Síria, ainda obedece às velhas regras da Guerra Fria exercitadas pelo maquiavélico órgão da ONU: o Conselho de (in)Segurança; 2) por cada dia que passa, o Ocidente poderá ser acusado pela história de barbárie (por omissão); 3) Assad deverá ter o mesmo destino do Coronel kadafi, vai demorar é mais tempo...
A ser assim, espero que o obriguem a pagar a bala - àquele que já tirou a vida a milhares de sírios que o ditador define como terroristas.
Quem vive pela espada...
O regime anunciou eleições num país onde acções militares têm arrasado bairros inteiros (Reuters)
O regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, anunciou nesta terça-feira eleições legislativas, enquanto o enviado da ONU, Kofi Annan, dizia esperar uma resposta do regime a propostas concretas para terminar a violência. Mas no terreno continuam a morrer dezenas de pessoas, a maioria vítimas de acções das forças militares.
A visita de Annan a Damasco no fim-de-semana, que incluiu dois encontros com Assad, tinha três objectivos: conseguir um cessar-fogo, acesso a ajuda humanitária e início do diálogo político. O regime deveria responder ainda durante esta terça-feira, indicou Annan.
Mas de Damasco vinha outra notícia: de que o regime planeia eleições legislativas para 7 de Maio. As eleições serão levadas a cabo após a aprovação da nova Constituição que teoricamente acaba com o regime de partido único ao retirar o partido Baas, da família Assad, do seu lugar de “líder do Estado e da sociedade”. Mas impõe uma série de outros limites (os partidos não podem ter base regionalista – o que exclui por exemplo os partidos curdos – ou religiosa – o que exclui a banida Irmandade Muçulmana . E a oposição recusa-se a participar numa votação que apelida de farsa enquanto a violência continua sem tréguas no país.
Ontem registaram-se ataques em vários locais, incluindo ainda em Homs, cidade já arrasada pelas forças de Assad, e da cidade que agora está a ser alvo da maior operação, Idlib, chegam relatos de mortes e violações. Segundo um activista, morreram 50 pessoas na cidade, muitas delas mortas a tiro enquanto se aproximavam de corpos deixados numa mesquita. Outro activista conta que viu os corpos de duas raparigas, uma não teria mais de 13 anos e tinha sido violada. “Estava coberta de sangue e a sua roupa interior tinha sido arrancada”, disse à Reuters.
Enquanto isso, mantinha-se um impasse no Conselho de Segurança em relação a uma resolução, com a Rússia e a China a oporem-se a críticas a Assad (que não tivessem iguais críticas à oposição), algo que os EUA consideram inaceitável, já que acções agressivas de um exército de um regime não podem ser comparadas a acções de autodefesa de civis, explicou a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.
A Rússia defendeu que o regime sírio não devia aceitar um cessar-fogo unilateral, dizendo que as hostilidades deveriam parar simultaneamente dos dois lados. Os EUA defendem que o regime deveria primeiro parar os seus ataques. (...) Público

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