quarta-feira

Alienação política nacional

Em "Tempos Modernos", clássico do imortal Chaplin, a crítica ao trabalho alienado e ao capitalismo na era do desenvolvimento industrial. Importante obra cinematográfica que nos possibilita a reflexão sobre os limites da exploração humana em prol do lucro e da produção de bens de consumo.

A esquizofrenia, à luz dos comportamentos dos agentes políticos nacionais, é hoje o fundamento psicológico e ideológico - e até programático - da própria organização da Política e do funcionamento do Estado. Não existe plano nem projecto nacional, mas existe essa esquizofrenia, como documento no post infra, relativamente à questão de saber se numa questão de gestão de verbas cruciais para o desenvolvimento da economia nacional - tais verbas devem (ou não) ser reafectas a um outro ministério (Finanças, no caso vertente). Seria, passe a analogia, como se no decurso dum jogo, se pretendesse alterar as regras do próprio jogo, com desprestígio do jogo e dos seus competidores.

Ora é a este retrocesso político e humano que chamamos, sem ironia, "liberdade". Só que esta mesma liberdade parece ter um gosto amargo da alienação colectiva aceite, humilhando um país inteiro que assiste a este retrocesso politico - impávido e sereno, demonstrando que, afinal, o homem politico do séc. XXI é inferior ao humano - reduzindo todo um povo à condição de infra-gente, já que não se sabe organizar para gerir os escassos recursos disponíveis. As verbas do QREN - que também estão alienadas, por falta de projectos para as dinamizar.

Na prática, o homem aceita acreditar na ilusão democrática a fim de conservar o conforto da sua aparente liberdade. Ora isto não é senão o reconhecimento da aceitação da limitação da liberdade individual e colectiva. No limite, a aceitação da destruição da liberdade e entrarmos na funda avenida da servidão.

Esta economia do desastre será julgada pela história futura, que julgará as cumplicidades presentes.

Este novo vazio, esta nova barbárie patente no espaço público pela conteúdo e forma que o debate político nacional vem assumindo em Portugal, só é prova que uma nação inteira está alienada, e o indivíduo, peça dessa engrenagem, converteu-se num ser meramente pretensioso, qual Álvaro da expiação colectiva duma nação que hoje agoniza em busca de projecto, de futuro e de esperança.

Mas enquanto não podemos contruir a realidade, resta-nos vegetar na fantasia - alimentada pela questão de saber que um determinado Quadro Comunitário de Apoio deve ser gerido pelo ministério A, B ou C, porventura usando um alfabeto também ele alienado ou a aguardar reforma com o novo acordo ortográfico, nesta espuma dos dias que hoje baliza a vida colectiva.

Numa palavra: nós tornámo-nos na própria barbárie, embora sem derrame de sangue...

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