terça-feira

A economia caseira do Álvaro

O ministro da Economia, o Álvaro, anda por aí a afirmar que há vida para além da austeridade, e que quer acabar com os subsídios a fim de promover a competitividade da economia portuguesa. Para esse efeito, procura implementar um conjunto de reformas para dar cumprimento aquelas suas premissas.
Portanto, em rigor o seu ideário é fazer reformas para tornar a economia nacional mais competitiva, criando mais riqueza, mais exportações, mais-valias para os accionistas, mais bem-estar (?) e, já agora, apesar dele não o dizer, também mais coesão social interna, que é um factor que não tem existido em Portugal.
Mas, em minha modesta opinião, todo este ideário, que no plano dos príncipios me parece ajustado, faz-se metendo a mão na massa e interferindo com certos quase-monopólios existentes na economia nacional, de que a EDP, por exe., é um caso lamentável. Ou seja, uma grande empresa, que factura milhões por ano ainda tem a lata de querer subir o preço da energia fornecida aos consumidores, tanto mais que a energia em Espanha é mais barata, dificultando a gestão que as empresas fazem desse factor de produção - que tem, necessáriamente, de ver reflectido nos preços dos bens que produzem, e que, desse modo, encarecem o seu preço final nos mercados tornando-o menos apelativo para o consumidor.
Apenas um exemplo de que o Álvaro não fala. Porquê???
Mas deveria falar, pois só assim é que o seu desiderato se cumpria, ou seja, manter o preço dos factores de produção mais baixos a fim de favorecer a competitividade da economia nacional de que ele enche a boca. E quem diz EDP diz também o sector das petrolíferas que usam e abusam da definição na formação dos preços, subindo-os várias vezes ao ano, ao mês até, mesmo quando o preço do crude nos mercados internacionais baixa.
Parece que o Álvaro tem muita coragem para reformar uns sectores, mas acobarda-se quando está confrontado com sectores "mais pesados". E isto é profundamente lamentável.
Temos assim dois Álvaros: o corajoso para mexer em certos sectores da economia nacional mais exposta à arbitrariedade do Estado, e o Álvaro mais "cobardolas" que teme enfrentar certos interesses empresariais e corporações que ele diz combater.
Privatizar tudo a eito, parece também não ser a melhor receita, precisamente porque há inúmeros sectores da economia nacional (as águas, por ex.,) - que por ser economia social - deveria ser protegida dos ávidos interesses empresariais que não têm uma lógica de bem comum na exploração desses activos.
Creio que não é com este tipo ambivalente e bipolar de coragem e medo que Álvaro fará a economia nacional progredir, quanto muito apenas a levará para o divã do psicanalista - que lhe recomendará uns anti-depressivos. Mas enquanto não se recorre ao psiquiatra algumas dessas grandes empresas de que o Álvaro tem medo, continuam a fazer o que querem e a praticar preços de monopólio nos mercados que são verdadeiramente intoleráveis na sociedade portuguesa.

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