segunda-feira

CavacGyver

Consabidamente o Sr. PR cultiva o estilo de MacGiver. Gabalha-lhe a mente brilhante, elogia-lhe as armas que utiliza e, genericamente, credita naquele agente uma grande capacidade de trabalho e de resolução de problemas delicados sem recurso à violência.
Aqui tem dias. Cavaco, porventura, não viu a série toda. Mas o que importa é notar a forma como Cavaco enaltece a vida daquele herói através da série com o seu nome. Salvando sempre os mais fracos e socorrendo-se unicamente das armas e dos utensílios que tem ao seu dispor nos momentos mais críticos.
Uma leitura mais fina deixa-nos entrever a razão pela qual Cavaco faz esta associação, senão mesmo identificação formal e simbólica com o seu herói. A tal ponto de o leitor confundir ambos no mesmo personagem - como que daí resultando um tertium genius - que, à falta de melhor conceito, designaremos CavacGyver.
E quem é este CavacGyver, senão a soma das qualidades do actor agora somadas e transpostas para Cavaco enquanto personagem actuante da arena política nacional.
Vejamos alguns desses momentos críticos da governação em Portugal:

1. Cavaco modernizou o país entre 1985/95. Fez estradas, escolas e hospitais, embora a adesão à então CEE viesse muito de trás, mas foi ele quem geriu Portugal em tempos de vacas gordas;

2. Em 1979 e em 83 Cavaco ainda não sabia o que era o FMI, portanto, o actual locatário de Belém só aparece em contexto de crescimento e de expansão da economia portuguesa;

3. Sai de cena quando cessam grande parte dos Fundos comunitários. Esperto!! Pelo meio, em 2000, é humilhado eleitoralmente quando perde Belém para Sampaio, o que revela uma grande sagesse política e aventura metafísica, coisas quem nem MacGyver conseguiria antecipar;

4. Entra em estágio e recupera fôlego em 2005 - para ganhar Belém a Soares - que fica destroçado com a fragmentação do milhão de votos que o seu compagnon de route, Alegre, desencadeia. Ainda hoje não se falam. Era de esperar. Por muito menos as pessoas matam-se umas às outras;

5. Entre 2005 e 2010 mantém-se no Palácio Rosa, não fornece uma única ideia social, económica ou de âmbito político que o país tenha podido racionalizar em nome do interesse geral, mas tem, antecipadamente, a sua eleição garantida, porventura à 1ª volta;

6. Ainda simulou uma inventona politico-partidária - através das alegadas escutas de S. Bento a Belém - com o fito de realizar um golpe de Estado constitucional para depor Sócrates e alavancar a débil candidatura da sua amiga e apêndice de Belém, a dona Ferreira Leite, que saíu gorada quando se descobre que Fernando Lima é um james Bond impreparado e escorrega nas bananas que lhe montaram. Cavaco fica com o rabo de fora e desceu 10% nas sondagens. Como o povo é burro e tem uma memória do tamanho duma ervilha, voltará a crer e a ter fé em Fátima;

7. Ontem, o PR defende publicamente o PM da loucura do ditadorzeco sul-americano, Hugo, que tem petróleo a rodos, demonstrando, once again, o verdadeiro e efectivo sentido do conceito - cooperação estratégica - que passará a designar-se magistratura activa.

Todas estas razões, qualidades e circunstâncias revelam bem a estatura e dimensão de homem de Estado que Portugal tem pela frente. E a conclusão final a que chego é que MacGyver ao pé de Cavaco não passa dum menino do coro de Stº Amaro de Oeiras.

No fundo, só falta a Cavaco uns pózinhos de anti-salazarismo, umas digressões em classe económica pelo turismo do exílio. Mas isso serão, seguramente, qualidades que Alegre partilhará com o seu adversário, até porque Alegre só tem mesmo isso para partilhar.

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