sábado

Novela à portuguesa numa semana dramática e alguma água

Deixo aqui umas notas leves sobre este acordo que, antes de o ser, já era. É um acordo que faz lembrar a forma como alguns trolhas constroem edifícios: começam pelo telhado, depois pelos alicerces. Isto significa que em breve o edifício estará no chão, com o FMI a colar os cacos e a mandar na economia nacional, impondo as medidas draconianas que agora adiámos. António Borges, agora alto funcionário da organização, tudo fará nesse sentido, pois será a única forma que tem para castigar o PM.
Em termos práticos, as cedências do governo ao PSD atenuam a carga fiscal aos cidadãos, era o que PPCoelho desejava: ganha estatuto de líder e ganha também mais alguns votos para esmagar Sócrates nas próximas eleições, ante a intransigência de Teixeira dos Santos que depois de ter deixado Catroga a penar no Parlamento foi beber conhaque a casa dele.
Cavaco também já tem cabelos brancos, não por causa das acções do BPN, mas porque se revelou um excelso árbitro após a partida, o que também jogará a seu favor contra Alegre nas eleições presidenciais que se avizinham. Embora para ganhar a Alegre até o chefe da Casa Civil de Belém bastaria. Também se constata que não foram apenas as delegações do ps e do psd a representar, Cavaco revelou uma notável vocação para o dramatismo cuja peça tem sido escrita e reescrita a várias mãos, entre o Largo da Rata e a Lapa, via Travessa do Possolo..., com a Europa/Alemanha a ditar o ponto-final Parágrafo na fantochada lusitana!
Creio, no final, que os portugueses terão que agradecer a Angela Merkel, porque foi ela e a sua posição de hegemonia na economia europeia, que pressionou no sentido da convergência política em Portugal, sob pena de pesadas multas e perda do direito de voto de Portugal nas instituições da UE. Pelo caminho criou-se o fundo de emergência financeira para acudir a dramas como o nosso. Foi a nota positiva ante a necessidade de se rever o famoso Tratado de Lisboa, que ainda gatinha!!
Tudo numa semana em que quando chove 3 horas seguidas Lisboa fica submersa, o que é bem revelador do nível de incompetência do vereador que tutela a Protecção Civil que ao não saber fazer o trabalho de casa, especialmente no Verão - que é quando faz sol - permite que as mesmas desgraças naturais, com prejuízos enormes para os comerciantes e moradores, se repitam anualmente. O sr. Brito é, naturalmente, um vereador submerso que mais parece o porta-voz da protecção civil e não um vereador competente duma capital do 1º Mundo.
O que não é de estranhar, já que aquele vereandor percebe tanto de infra-estruturas subterrâneas, qualidade e gestão de solos, ordenamento do território e impermeabilização de solos como eu de lagares de azeite.
Mas tudo isto funciona em linha com o teatro lusitano que os portugueses gramaram a semana que passou, que funcionou à medida que havia dinheiro para mandar o realizador produzir mais um episódio.
Em rigor, isto mais pareceu uma novela mexicana neste "Portugal dos caninos".
Numa palavra: esta foi uma semana em que me envergonhei de ser português e de dizer que o era só porque isso está escrito no B.I.

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