quarta-feira

Ronaldo investe em solidariedade em detrimento da táctica Palmolive

Constatámos que no decurso deste Mundial de Futebol Cristiano Ronaldo esteve mal na forma e no conteúdo. Não soube ser um verdadeiro capitão, sobretudo na adversidade, e também não esteve à altura técnica e competitiva exigida. Ou seja, o jogador jogou pouco e mal e, para agravar as coisas, foi boçal na sua conduta enquanto capitão, em que seria suposto saber representar os seus colegas naquelas mini-conferências no final dos jogos em que os players tentam explicar e justificar o que correu mal ou reforçar o que correu bem. Prontsch!!! A esta luz, o CR foi uma verdadeira vergonha para a selecção portuguesa.

Creio que ele próprio teve noção disso logo após os jogos, e como não conseguiu esconder a sua frustração por não ter brilhado dentro das 4 linhas a violência psicológica apoderou-se dele e as suas reacções acabaram por ser lamentáveis, tentanto mesmo crucificar o seleccionador na praça pública. Nesta linha, ainda bem que Queiroz não fez o mesmo só porque o jogador não respondeu com boas exibições, à excepção dos toques à "sabonete Lux" para animar o Bes e demais patrocinadores que fazem do jogador uma vedeta da 7ª arte de trazer por casa, o que acaba por criar falsas expectativas que, em rigor, acabam por ser negativas para ele e para a comunidade futebolística que o enquadra. Alguém terá de lhe explicar isso, porque a vida não são apenas euros.

Sucede que nem tudo é negativo no jogador, aderiu a uma campanha do turismo da Madeira em Espanha para apoiar a sua terra após a desgraça natural que se abateu na ilha no recente inverno. E isso é positivo para a Madeira e os madeirenses e também é positivo para a imagem internacional do futebolista que ele não soube ter neste Mundial de Futebol da África do Sul. Agora puxa pelo lado mais solidarista e o seu apego à sua terra natal, o que só lhe fica bem, e também deixa bem visto o Real Madrid, seu club actual.

A campanha terá eco em toda a Europa: Alemanha, Suíça, Aústria, RU, Dinamarca, Finlândia e isso acaba por ser muito positivo na recolha de donativos que permitirão reconstruir mais rápidamente os estragos na ilha da Madeira. E, ao mesmo tempo, o jogador acaba por limpar a imagem negativa que deixou no mundo que o viu escarrar diante as câmaras só porque não brilhou no campo, e outros foram, de facto, melhores do que ele. Bem poderia por os olhos em Fábio Coentrão ou Eduardo, por exemplo, que foram humildes e souberam jogar à bola.

Esperemos que quando forem multimilionários assumam a mesma postura. O futebol, as condutas, os salários nada têm a ver se comparados com o tempo de Eusébio, onde tudo era mais caseiro, os passes dos jogadores não ascendiam a milhões, tudo circunstâncias que estragaram o futebol contemporâneo, e que levou ao actual laivo de violência inter-clubística que também se explica pela apetência que os clubes passaram a ter pelo dinheiro, pelo poder e pela influência, daí a sua íntima relação com as autarquias, a construção civil e a classe política - e esta - naturalmente - também parasita a notoriedade dos clubes para ganhar eleições. O caso de Sintra é sintomático dessa dupla parasitagem do lamentável mundo mafioso da futebolítica e de compra de poder e de influência por notoriedade clubística.

Ou seja, o futebol converteu-se numa permanente negociata de cangalheiros encartados para fazer contratos, pagar rescisões, sacar dinheiro à boleia da Pub. institucional planetária com o zé povinho alienado a financiar toda essa droga de new age que acaba por ser o pão e o circo dos alienados do nosso tempo.

Esperemos que o jogador tenha aderido à campanha de forma sincera e genuína, pois não queremos acreditar que a súbita necessidade solidarista de Ronaldo tem uma relação com a má campanha que fez no mundial, escolhendo agora uma outra campanha para se compensar aos olhos do mundo.

Mas o futebol é como no teatro da política, nunca se sabe, e de boas intenções está, consabidamente, o inferno cheio!!!

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