sexta-feira

Evocar Luís Vaz de Camões

O poeta... anda muito calado. Confessa aos amigos que sente despedaçados todos os valores em que acredita. Cavaco também, por isso faz discursos, embora a sua praxis pessoal e política não acompanhe as suas declarações.
Proclama a equidade social, mas depois vende acções da SLN à margem das cotações oficiais da bolsa de valores, com preços fixados por Oliveira e Costa; afirma-se um católico confesso, e promulga a lei que legaliza o casamento gay; defende a cooperação institucional com o Governo e mandata o seu principal assessor, Nando lima, a desenvolver uma inventona estúpida para depor Sócrates do poder e ajudar Ferreira leite a sentar-se no cadeirão de S. Bento. Tudo infrutíferamente. Bem prega Frei Tomás...
Pobre cavaco, que até a obra de Camões desconhece, embora o cite oblíquamente. Foi esse o cavaco esperançoso que vimos no Sul: promissor, vendendo esperança, coesão, aspirações e recompensas. Uma banha da cobra sem correspondência na realidade. Tudo para concertar o desconcerto do mundo. Será que alguém acredita nele, para além dos seus assessores?!
Cavaco tornou-se um leitor de discursos, um narrador de narrativas falhadas, uma espécie de afia molas e facas da República para induzir esperança, acção e energia nos portugueses. Mas nunca teve ao longo dos anos que está em Belém uma única ideia para modernizar a sociedade e a economia portuguesa. Os seus avançados conhecimentos de economia remetem-se ao efeito Torralta, como explicitámos num post abaixo.
Cavaco, como Alegre são ambos homens do passado, homens a quem escapa o sentido das transformações em curso no mundo, na Europa e cá dentro. E para esses desafios socioeconómicos Cavaco apenas tem discursos, prosa, mensagens desgarradas, como se fosse um psicólogo a recuperar toxicodependentes nos bairros mais degradados da periferia de Lisboa. Os discursos são belos, mas por detrás daquela prosa existe um imenso buraco.
Cavaco, tal como Alegre, ainda não compreenderam que: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o Ser, muda-se a confiança;
Todo mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
E que os tugas estão fartinhos de homens com estas qualidades banais. Os portugueses querem ver na política homens de excepção que, verdadeiramente, não encontram, e a escapatória parece ser mesmo gramarem com os subprodutos existentes de mais do mesmo.
A única vantagem deste Dia de Camões e das Comunidades portuguesas é, de facto, os portugueses recordarem que apesar de estarem a falhar a vida, foram concidadãos dum génio das Letras que hoje evocamos.
E isso é um exercício de fuga à banalidade discursiva dos oradores do regime cujo único papel é lerem missivas que os tugas devem acreditar. Sendo certo que Camões tinha a ciência de saber escrever os textos que ele próprio lia, outros há, porém, que os encomendam aos assessores e aos spin-doctors que, como sabemos, escrevem para criar um certo efeito na opinião pública e, assim, ajudarem o amo a conquistar as almas e os corações que depois facilitam a reeleição do pior presidente da república desde a instauração da democraca pluralista em Portugal.

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