terça-feira

Turismo no Alentejo - no âmbito das Gastronomias Mediterrânicas -

Trata-se de um evento institucional, quase um desígnio para o país, que está sendo promovido nacional e regionalmente - a fim de dar a conhecer às pessoas o que se vai fazendo em matéria de divulgação da oferta turística em todo o Alentejo.
Sinalizamos alguns pontos no quadro dessa orientação estratégica que está em linha com as orientações do Turismo Portugal.
Em primeiro lugar, há que melhorar os produtos turísticos, pois hoje os turistas são mais exigentes, têm mais capacidade de escolha e isso altera o perfil da procura turística global.
Esta alteração do mercado coloca uma nova pressão sobre os operadores e as infra-estruturas de apoio que, no fundo, recebem os turistas por todo o país e no Alentejo em particular. Neste quadro de ajustamento, talvez não fosse má ideia pensar em as entidades de turismo regionais, de que é exemplo a Turismo do Alentejo (E.R.T.), reclamar mais competências e atribuições do Estado para atender mais eficientemente a essa demanda do turismo em Portugal que, curiosamente, é um dos únicos sectores da economia nacional que escapa à crise generalizada que varre o país e a Europa.
Embora se deva sublinhar que a ERT, no seu actual quadro de competências, já tenha desenvolvido campanhas de promoção turística, de que os exemplos - no Alentejo há mais, embaixadores do Alentejo, o próprio Congresso de Turismo em Beja recentemente – têm gerado frutos e sensibilizado este sector tão transversal da economia nacional para os desafios do futuro. Tudo iniciativas que se têm desenvolvido em linha com o Turismo Portugal, o que gera uma concertação estratégica no sector facilitando que todos falem a uma só voz e desenvolvam objectivos comuns. O que é um activo, sobretudo num país com tradição de grande dispersão de políticas, de atribuições e de meios segundo a velha política das “capelinhas” que, do lado da ERT Ceia da Silva e do lado do TP, Luís Patrão, têm sabido evitar.
Mas afirmar a marca do Alentejo no país e no exterior passa também por qualificar os destinos turísticos que têm na gastronomia e nos vinhos o seu ex-libris, afirmada que está a vertente turística do património. Em concreto, as pessoas que trabalham na restauração terão que saber explicar a confecção dos pratos aos clientes e fazer de cada receita regional quase um acto de cultura em torno da mesa. O que passa, naturalmente, por uma aposta intensiva na formação de jovens nas escolas de turismo que depois vão “dar a cara” nos restaurantes, nos hotéis e demais infra-estruturas de apoio no sector.
Daqui nasce uma questão-desafio, de resto, colocada pelo próprio presidente da ERT: se temos o know-how, se temos os produtos endógenos… então, só há que trabalhá-los para melhorar a oferta turística do Alentejo em Portugal.
Sendo certo que a boa consecução deste desígnio, e Portugal precisa deles, especialmente numa altura de profunda crise económica e de grande retracção da procura interna por razões conhecidas, passa também pela certificação dos produtos, por uma maior sensibilização da restauração em acatar as directrizes e as boas práticas do TP e da ERT, melhorar a cozinha com a ajuda dos grandes chefes, emprestar uma dimensão mais cultural e uma aposta qualitativa na formação, intensificar o trabalho em rede com os operadores do sector, promover os produtos nacionais no exterior e, naturalmente, conseguir tudo isso através de alimentos saudáveis que melhorem significativamente a nossa qualidade de vida e, consequentemente, aumentem a nossa longevidade.
Conseguir tudo isto, que não é pouco, implica atender ao princípio segundo o qual o turista valorizará tanto mais e estará disposto a pagar mais, quanto maior for a qualidade do acolhimento e dos serviços prestados. Sendo certo que o efeito multiplicador desta atitude positiva, presentes nos actores envolvidos, desde o empregado de mesa, ao cozinheiro até ao director de hotel, será tanto maior quanto for a capacidade de os fazer voltar e, ao mesmo tempo, fazer com que recomendem Portugal aos seus amigos e conhecidos.
É bom lembrar que o turismo é uma das singulares actividades que conjuga um conjunto de serviços prestados através de produtos tangíveis e intangíveis, e toca nos agentes económicos, sociais e culturais com implicações muito vastas e diversificadas no conjunto da sociedade, já que envolve não apenas unidades de alojamento - motéis, hotéis, estalagens, pousadas, etc - como também unidades de alimentação - restaurantes, pastelarias, cafés - e transportadores - companhias de aviação, de navegação, ferroviárias, de rent-a-cars, de autocarros - e ainda um conjunto de indústrias e serviços do âmbito cultural, paisagístico, ambiental, de animação, de comércio, de promoção, de infra-estruturas, de administração pública e outros que nos conduzem ao actual conceito de constelação que faz do turismo o sector mais importante da economia nacional. Coisa que por vezes esquecemos...
É esta condição, ao mesmo tempo particular e estratégica, que faz do turismo uma constelação de actividades, complexa e multidisciplinar, constituída por uma multiplicidade de agentes económicos, culturais e sociais que em Portugal tem de ser valorizado pelas instituições políticas, até porque o turismo é dos sectores que mais emprego e riqueza gera em Portugal e, nesse sentido, representa uma plataforma e um motor do desenvolvimento económico e social que hoje é crucial para o país e para os portugueses.

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