terça-feira

Que tipo de desenvolvimento hoje modela as sociedades!?

O Papa, qualquer que ele seja, ainda que investido de poderes especiais, não deixa de ser um homem e, por isso, limitado na sua acção e no seu tempo, como qualquer outro homem. Olho para o papa e não vejo mais do que um homem; olho para a imagem divina que a civilização Ocidental e cristocentrica veiculou secularmente e podemos ver faculdades e potencialidades que estão para além das nossas próprias limitações. Com isto procuramos chamar a atenção de que inúmeras áreas do globo sofrem de um desenvolvimento muito desigual, o mundo ainda é profundamente assimétrico, cavando ainda mais o fosso entre ricos, remediados e pobres, o que gera uma tremenda injustiça relativa no nosso tempo. As grandes potências reconhecem esta assimetria, a igreja, as bolsas de valores, as agências de rating, os demais especuladores, as empresas, enfim, todos os players sabem que os mercados não obedecem a outra lei que não seja a lei do mais forte, i.é, à salvação pelo dinheiro, pelo poder, pela influência. A igreja, ela própria, sabe que as coisas operam deste modo, seguindo estas leis, e o Vaticano não deixa de ser um Estado, com o Papa a assumir esse papel de Chefe de Estado, cujo fausto, riqueza e mordomias são também conhecidas. De resto, o Papa poderia até dar um sinal de verdadeira humildade não calçando sapatos Prada, custando milhares de euros, um sinal de ostentação que envergonharia Jesus Cristo que lá partiu aos 33 anos, descalço.
Hoje, bem ou mal, a média de idade é bem diferente. Daqui se infere uma ou duas conclusões lineares, lembrada ao povo e ensinada às crianças: a primeira é que o Papa é um homem com capacidades finitas, além de que a avançada idade com que são eleitos também não augura nada de bom; a segunda conclusão é que o modelo de desenvolvimento traçado globalmente tem cavado o fosso entre as classes sociais, agravando as suas injustiças no seu interior, e aqui os préstimos da doutrina social da igreja pouco mais valem do que peças de valor doutrinal, mas que pouco impacto têm na economia real, com excepções pontuais. De que adiante criticar a forma como os mercados funcionam quando a igreja nem sequer consegue punir de forma exemplar pedófilos que acolhe no seu próprio seio!?
De facto, a igreja, porque é feita de homens, alguns genéticamente maus e injustos, outros tarados e mentalmente desequilibrados, ainda é uma organização tremendamente imperfeita e quem conhece o meio sabe que os valores que nela circulam não são em nada diferentes daqueles que regulam as regras na sociedade civil, ou seja, cada um que se salve como puder com as armas de que dispõe a cada momento.
Sendo que o essencial fica sempre por resolver: como alterar o modelo de desenvolvimento global de molde a que, nos planos económico e tecnológico, o desenvolvimento de uns, poucos, não implique, o subdesenvolvimento de outros, muitos?!
Eis uma questão a que a igreja nunca conseguiu dar resposta e os Estados, as empresas e demais organizações - ao longo da história, também não. Por isso, continuamos a viver num tremendo impasse, com as consequências que isso comporta em matéria de pobreza, miséria, sofrimento e desvios múltiplos resultantes daquele subdesenvolvimento.

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