sexta-feira

A procissão - p'lo Jumento -

Alguém se recorda do desempenho de Medina Carreira, tem ideia de ter deixado a imagem de um grande ministro das Finanças, se lembra de algo que o homem fez quando era ministro?
Alguém se recorda do desempenho de Cavaco Silva quando era ministro das Finanças? Não? Pois eu recordo-vos a medida mais importante que adoptou enquanto ministro das Finanças, revalorizou o escudo pondo de pantanas a competitividade da economia portuguesa.
Alguém se recorda do “brilhante” desempenho de Pina Moura quando foi ministro das Finanças? Não fez nada, junto este ministério ao da Economia de que já era ministro, durante muito tempo deixou o ministério das Finanças a navegar com piloto automático e acabou a inventar cinquenta medidas para reduzir a despesa pública. Foi ele um dos grandes responsáveis pela queda de Guterres, liberto do governo foi para a Iberdrola, uma empresa de um sector que tutelou enquanto ministro da Economia.
Alguém se recorda do desempenho de Luís Cunha enquanto ministro das Finanças? Ninguém se lembra porque não chegou a aquecer o lugar, abandonou-o perante a indignação dos portugueses por causa da pensão que recebe do Banco de Portugal que justificou como um “direito adquirido”. Alguém se recorda do desempenho de Miguel Beleza enquanto ministro das Finanças? Não, porque foi discreto, nem sempre um bom professor dá um bom ministro, Miguel Beleza foi um bom exemplo disso.
Se os portugueses soubessem quanto ganha cada um dos velhos do Restelo que vão ajudar Cavaco Silva na crise política que está a tentar promover duvido que algum deles desse a cara. Quanto ganha Medina Carreira em pensões, avenças e programas de televisão? Quanto ganha Pina Moura na Iberdrola, fora as competentes pensões, sem falar no que ganhou na Media Capital? Quanto ganha Ernâni Lopes na sua empresa? Quanto ganha Cavaco com as várias pensões mais a Presidência?
O que estes senhores ganham, muitos deles já debilitados física e mentalmente, é certamente uma ofensa para muitos portugueses. Mas como podem esconder o que ganham podem exibir o seu estatuto para se armarem em mais portugueses do que os outros e serem recebidos por Cavaco Silva como se fossem um grupo de sábios.
Na hora de escolher os culpados sobre a desgraça a que a economia portuguesa foi conduzida teremos que eleger em primeiro lugar precisamente os sucessivos ministros das Finanças. Foram eles que permitiram a transformação do Estado num monstro que absorve os recursos nacionais, foram eles que não controlaram a despesa pública, foram eles que ajudaram a multiplicar institutos e direcções-gerais, foram eles que nomearam os boys incompetentes para as empresas públicas.
A sua responsabilidade no estado do país é tal que deveriam ter vergonha de aparecer em público ou ir a programas de televisão dar lições aos outros. Mas neste país não há vergonha na cara e até vão em procissão a Belém convencidos de que com a crise política conseguirão melhores oportunidades de negócio.
Obs: Digamos que há dois móbeis que animam a acção humana: os ideais, que servem para construir algo; e o ressentimento - que é a racionalização do bloqueio, neste caso o mal para a política e para o país. O investimento público em Portugal, neste momento, é a única porta de salvação para o país, ainda que se tenha de dizer que temos know-how e mão de obra para ajudar a construir essas infra-estruturas que ligam o país à Europa e ao mundo - colocando também as nossas mercadorias e bens no destino e a menor custo.
Recomende-se, pois, ao agrupamento floral que integra a "procissão" que faça um retiro no Campo Grande ou vá feriar para as termas do Luso, águas boas para dissolver o ressentimento.

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