quinta-feira

Cunhas 'encaixam' 45% dos jovens no mercado. A Srª dona "Cunha"...

Família e amigos continuam a ser a grande ajuda dos mais novos (entre os 15 e os 34 anos) no acesso ao mercado de trabalho, após a saída das escolas, revela um estudo do INE, dn
Quem tem amigos não morre na prisão, diz o povo, e a realidade comprova-o. As 'cunhas' continuam a ser a grande fonte de entrada no mercado de trabalho. De acordo com o inquérito "Entrada dos Jovens no Mercado de Trabalho - 2009", ontem publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), quase metade dos jovens portugueses encontram o primeiro emprego graças à família e amigos. A taxa exacta é de 45,1% dos indivíduos entre os 15 e os 34 anos, após a saída da escola.
Mas há também um número significativo de jovens, cerca de 31,2%, que encontram trabalho por sua iniciativa própria, "através de candidatura espontânea à entidade empregadora", e 8,6% através de resposta a anúncio na imprensa e/ou internet, refere ainda o inquérito do INE.
Num país em que tanto se fala de falta de empreendedorismo e de capacidade dos jovens em acreditar que podem ser criadores do seu próprio emprego, não admira que a quase totalidade dos que saem da escola e vão trabalhar o fazem por conta de outrém. Segundo o INE, são 93,2% no universo dos 15 aos 34 anos, sendo que 51,2% destes tinham um contrato sem termo e 40,7% contrato a prazo. O trabalho a tempo inteiro era a regra para 94,4% dos inquiridos.
O Instituto de Estatística conclui, ainda, que, após a saída da escola, 92,7% dos indivíduos que completaram algum dos três níveis de escolaridade - 3.º ciclo do ensino básico, secundário e ensino superior - tiveram um trabalho que durou mais de três meses, sendo que 43,1% dos inquiridos ainda mantêm esse emprego.
Quanto às profissões, há uma maior incidência nos grupos profissionais de nível intermédio, sublinha o INE, com 22,6% a dizerem-se pessoal dos serviços e vendedores, 20,8% operários, artífices e trabalhadores similares, 12,5% pessoal administrativo e similar e 12% trabalhadores não qualificados. Só 10,7% dos indivíduos se incluiam no grupo dos especialistas das profissões intelectuais e científicas.
E quanto tempo leva um jovem a arranjar emprego depois de sair da escola? Se é verdade que um quarto dos inquiridos levou até três meses para arranjar trabalho e que 19,4% até começaram a trabalhar ainda enquanto estudavam, há que ter em conta que 14,9% dos jovens demoraram entre um a dois anos até conseguirem o seu primeiro trabalho e, pior ainda, 10,1% levaram mais de quatro anos a consegui-lo.
Refere o INE que, excluindo desta análise os indivíduos que começaram a trabalhar ainda enquanto estudavam, a transição entre a escola e o mundo do trabalho "demorou, em média, 20,4 meses", ou seja, mais de ano e meio. Homens e mulheres apresentam um padrão de transição semelhante, na medida em que eles demoram, em média, 20,3 meses a conseguir o primeiro emprego, e elas 20,6 meses.
A distinção faz-se, naturalmente, em função da idade e do nível de escolaridade. O grupo etário dos 30 aos 34 anos é não só o que leva mais tempo a encontrar emprego, como se situa acima da média: 25,2 meses, ou seja, mais de dois anos. Mas pior do que a idade é mesmo a falta de formação: os jovens que concluíram apenas o 3.º ciclo do ensino básico precisam de 26 meses, em média, para encontrar o primeiro trabalho.
Com ensino superior, levam em média 9,5 meses e, com o ensino secundário, a média sobe para 14,8 meses. Voltando à idade, dos 15 aos 19 demoram em média 11,4 meses, dos 20 aos 24 levam 15,6 meses e dos 25 aos 29 anos já esperam 18,2 meses.
O OUTRO LADO DO ESPELHO...
Obs:
Lamente-se a prática, todavia o que assusta nem é tanto a "cunha", mas a inadequação e terrível falta de vocação de inúmeras pessoas, sobretudo no plano universitário e politécnico que passam uma vida inteira a enganar os alunos.
Docentes de geografia a ministrarem psicologia das organizações, pessoas com formação em literatura a assegurar funções de gestão and so on. Os pais encaixam as filhas, estas criam cursos de mestrado para os maridos a fim de que estes não fiquem desempregados, os presidentes das instituições, mais grave ainda, entram em conúbio com estas práticas porque as esposas também fazem uma perninha na instituição de ensino a que presidem.
Há de tudo no ensino politécnico nacional, com incidência no Alentejo, como quem vai ao restaurante e pede a refeição à la carte...
Este tipo de micro-redes clientelares provoca dois tipos de efeitos nas instituições e na sociedade: naquelas gera e enraiza um atraso intelectual, científico, orgânico porque funciona em regime endogâmico rejeitando tudo o que é exterior e vem de fora; no plano da sociedade contribui para a atrasar, porque alguns docentes são, de facto, de baixa qualidade científica, e isso repercute-se nos conhecimentos expostos aos alunos que assim são mal preparados para as batalhas do futuro.
Ter um bom professor é meio caminho para singrar; os maus docentes ao longo da vida só servem para uma coisa: arranjar traumas aos alunos e dar-lhes um sentimento de impotência e de paralisia.
Por isso está em curso um estudo que visa estudar, identificar, compreender e divulgar estes métodos e práticas corruptivas e degradantes do nosso sistema de ensino politécnico, designadamente em alguns institutos do país, para eliminar constrangimentos que ainda hoje marcam a vida dessas instituições.
Testemunhos de alunos e exlunos, de docentes e ex-docentes e até de alguns responsáveis de direcção consubstanciam o estudo desenvolvido por um conjunto de investigadores das CSH cujos resultados serão divulgados brevemente.

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