segunda-feira

Melhor ambiente, melhores cidades

Nada há de melhor do que ideias simples e realizáveis nas nossas cidades a fim de protegermos e, se possível, promovermos as condições de vida em que vivemos, especialmente nesses mega-espaços urbanos. Daí a importância na criação e concepção dos espaços públicos nos nossos centros urbanos, não apenas nas grandes cidades, mas também nas cidades médias e pequenas em Portugal. Richard Sennet, por exemplo, no seu livro sobre a história da cidade – The Conscience of the Eye, colocava-se contra projectos de desenvolvimento urbano como o das Docas – por referência ao que se passou em Londres em que as Docklands se dividiram entre ricos e pobres, ainda que esses espaços tenham beneficiado de uma renovação no seu edificado. Também nos EUA os construtores compram grandes armazéns industriais e convertem-nos em lofts residenciais e estúdios para a classe A. Em Lisboa, e noutras cidades do país, existem alguns edifícios impessoais que agridem visualmente as pessoas, tornando-as também mais distantes umas das outras. Ora, este tipo de urbanismo não interessa a ninguém, e, hoje, mais do que nunca, em que as condições ambientais são um imperativo de vida e devem integram todas as políticas sectoriais de qualquer governo, devíamos todos tentar criar cultura, cor e vida nas ruas das nossas cidades, pois só dessa forma não deixamos morrer o comércio e as actividades económicas que gravitam em seu torno, como devolvermos as pessoas às ruas, donde elas hoje andam arredadas, excepto quando têm que ir trabalhar. Quer dizer, a consciência ambiental não reclama apenas condições de segurança para cada um de nós fruir os espaços públicos, é também necessário que os nossos engenheiros, arquitectos, urbanistas e planificadores em geral consigam lançar um novo olhar sobre as nossas cidades e converter zonas comerciais em cidades de rosto humano, que espelhem as nossas tradições, mas também a diversidade cultural, religiosa, histórica e humana que encerramos enquanto povo, cultura e civilização. Hoje faz-se um balanço da década em termos ambientais, pois bem, fica aqui esta simples chamada de atenção que visa conceber, planificar e executar mais e melhor as cidades do futuro, no presente. Cidades que adoptem nos seus edifícios um design mais sedutor, materiais mais amigos do ambiente, sejam mais abertos à luz e cor. Pois é inadmissíveel que as cidades do nosso Portugal continuem a ser concebidas como meras bolsas concentradas de actividades económicas, financeiras e de produção, sem integrar nelas a "alma" que é, no fundo, a sua marca e, também, o sinal de sustentabilidade para o futuro.

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