quinta-feira

Jornalismo corporativo...ou

Temos aqui especulado acerca das relações do media com o Poder (e os poderes), o que permite colocar uma série de questões, algumas das quais sem resposta, mas deixam aferir pelo padrão de legitimidade emergente que se formou nas sociedades contemporâneas, e que vivem à sombra das sondagens, das manifestações, dos protesto e micromobilizações, das campanhas políticas, dos debates televisivos e da comunicação de um modo geral.
A campanha interna no PSD, a discussão de programas económicos importantes para o país, como é o PEC, a relação tensa do PM com os jornalistas, as campanhas negras que alguns deles lhe lançam, todo esse fluxo desordenado de informação potencia a conflitualidade política e social entre nós, e converte o espaço público, estudado por Jürgen Habermas, numa arena de pancadaria política em que hoje se converteu o Portugal político.
De resto, basta compreender a forma como hoje o Poder em funções e a democracia estão suspensos por aquelas duas miseráveis comissões de inquérito e de ética para se aferir da fragilidade do sistema político e da democracia representativa em Portugal. E digo miserável, porque essas duas comissões procuram fazer o papel que, num Estado de direito, competia aos tribunais e aos juízes, mas como este é o sector mais incompetente, inoperante e desprovido de eficácia no quadro do funcionamento global das nossas instituições, aquelas duas comissões têm de chamar a si esse miserável papel.
E assim lá vão transformando o Parlamento num tribunal de 6ª categoria, em que os deputados inquisidores ainda conseguem ser piores do que os juízes que atravancam a justiça em Portugal, com sérios prejuízos para as pessoas, para as famílias, para as empresas e, no seu conjunto, para a sociedade e a economia nacional. Nenhum investidor estrangeiro deseja investir em Portugal depois de conhecer o sistema de justiça que temos, já para não falar na carga fiscal, outro handicap.
Mas as tensões entre nós não se explicam apenas com base nas razões politico-institucionais, e duma luta primária de políticos contra jornalistas e destes contra aqueles, devidamente enquadrada pelos grupos económicos a que pertencem, evidentemente. Mas pela forma como os media (corporativos) encaram o mercado, e olham para as massas, vendo nelas apenas multidões de consumidores que estão ali para comprar os seus maus produtos. Esse consumismo manipulado pelos media é entendido como uma deriva anti-democrática, porque ao considerar cada pessoa um simples consumidor marginalizam as ideias alternativas e a massa crítica de cada cidadão.
Hoje não se pratica jornalismo de investigação, que faça a cobertura de grandes eventos internacionais e que exige alguns recursos. Prefere-se o jornalismo doméstico, mais imediato e fácil de editar, exigindo também poucos meios. Até lá muitos são os portugueses que têm de aturar os salamaleques desse grande e infinito jornalista que é o Mário crespo, o homem da T-shirt com o seu jornalismo de excelência e os conteúdos da CBS…