domingo

A Siesta em Portugal

De tempos a tempos aparecem uns engenheiros sociais a ventilar as receitas para Portugal sair da crise: uns acham que a saída está na flexibilidade laboral; outros no revigoramento do nosso empresariado, hoje improdutivo e muito subsidiodependente; e outros ainda entendem que os bloqueios à nossa modernização e padrão de desenvolvimento decorre do mau escol político que temos a dirigir a nação. Estes três bloqueios conjugados - trabalhadores deficientes, empresários pouco inovadores e uma classe política incompetente - revela bem o ponto em que estamos neste Portugal encalhado. É neste contexto que aparece uma outra via – a Siesta – copiada do espanhóis, e cuja prática algumas empresas norte-americanas instituíram com o fito de combater o stress e aumentar a produtividade. Com isso, essas empresas deram um novo arranjo ao espaço físico das instalações, instalando tendas e despertadores a fim de que os seus colaboradores dormissem diariamente uma hora. Sabe-se que um número crescente de empresas oriundas do Tio Sam aderiram a este movimento, tudo para recuperar cerca de 200 milhões de dólares, valor que a American Psycological Association diz que custa o stress nos EUA. Nem quero saber quanto custa o stress em Portugal, mas não deve ser pouco, ainda assim, e atentas as nossas idiosincrasias, adoptar a siesta entre nós nós poderia ter efeitos perversos, e aquilo que à partida seria visto como uma saída viesse a revelar-se um afundanço ainda maior. Mas talvez valha a pena tentar, especialmente após ouvir as "mesinhas ritualizadas" de Ano Novo do PM e do PR, e sobretudo naquelas empresas que ainda não faliram em Portugal.