Autenticidade da democracia representativa
Mas no plano efectivo dos resultados no curto e médio prazos, os portugueses jamais poderão ajuizar, dado o comprometimento de cada um daqueles players em querer manter o seu poder (Cavaco e Sócrates), que discurso tem maior correlação com a realidade e com a verdade e a construção dum futuro mais promissor para os portugueses.
É certo e sabido que Cavaco é um actor político, apesar de dar uma imagem de técnico da política, mas cujo fito é fazer-se reeleger para um segundo mandato em Belém; e também é sabido que Sócrates quer governar não obstante os obsctáculos da oposição e do escasso espaço de manobra para inverter os resultados sociais, leia-se desemprego e défice.
E com tanta "representação" política, com tanta máscara pública dissolvida em cada um daqueles discursos de Ano Novo, como em todos os discursos que não passam de sistemas intelectuais de justificação, como diria Vilfredo Pareto, os portugueses olham para a democracia portuguesa e percebem que também ela está comatosa, a sofrer os abalos da crise económica, da falta de liderança e de condução da vida pública do país, e mais do que de crises políticas (conjunturais) Portugal padece hoje de um mal maior: a crise da política, porque estrutural, remetendo-nos para uma ausência de um modelo de desenvolvimento e de modernização que tire Portugal e os portugueses do atoleiro em que nos encontramos.
Ou seja, a crise é também de confiança nas pessoas e nas instituições. Mais do que política, a crise é ética e moral. Neste caso, pergunto-me para quê aquelas mensagens de Ano Novo, e a conclusão a que chego é que elas só têm lugar na medida em que quer Cavaco quer Sócrates gostam muito dos portugueses, de bolo-rei e de champagne..
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