A mentira política tornou-se na regra em Portugal
Já vimos que a condecoração de Santana por Cavaco Silva, sem o mínimo fundamento, encaixa no capítulo da mentira política que parece estruturar a realidade emergente caracterizando o grau zero da política em Portugal. A mentira em política converteu-se, assim, numa interacção deliberadamente falseada e sem que uma das partes tenha consciência dessa assimetria no acesso à informação, sendo novo aqui a escala em que hoje ela está sendo utilizada para certos meios políticos atingirem os seus objectivos de poder, de comunicação, de audiências. Cavaco ao condecorar santana, sabendo que se trata duma falsa condecoração, só pode encaixar naquele capítulo da emntira política e que consubstancia a relação com o outro tendo por finalidade dominá-lo, perpetuando uma ficção: condecorar o pior PM após o 25 de Abril, i.é, o próprio Santana Lopes. Aqui a subtileza da mentira radica no facto de aqueles que a promovem e utilizam o poder que têm (usurpando as suas funções) fazem-no para atingirem os seus objectivos políticos e partidários, que nenhuma relação tem com a verdade nem com o bem-comum dos portugueses; e, por outro lado, aqueles que se subordinam a essas condecorações, não sabem que estão sendo enganados, mas nem por isso recusam a oferenda porque isso os promove publica e socialmente no estado espectáculo a que chegámos. Portanto, a mentira política não é ingénua nem involuntária, tal não decorre do desconhecimento ou da falta de informação. Em rigor, Cavaco sabe quem é santana, tanto que em 2005 o cunhou de "má moeda", tamanho o paroxismo e o cinismo. E é isto que hoje mata a democracia em Portugal. Cavaco mente a santana, este deixa-se enganar porque lhe convém, e todos ganham socialmente porque ficam bem na fotografia. Ora, este duplo cinismo constitui hoje as condições da destrutividade não só da política como da própria condição humana. Pois entre todos os homens, o homem parece ser o único que destrói por destruir, seja pela pulsão de morte inata ou por tendências mais edipianas. O problema é que hoje esses indícios se multiplicaram na esfera pública em Portugal, sendo que a maior parte dos actos públicos com significado político entre nós não se trata dum "fado" e cada qual colaborou, mais ou menos conscientemente, na sua própria submissão, por isso uma pessoa desenvolve um ódio vitalício a si própria. O terrível, num processo destes, é que a destruição dos valores essenciais da política, da ética e da moral ainda faz uma pessoa sentir-se viva. Por isso, Cavaco & Santana estão de "parabéns"..., estão vivos, mexem, embora não se recomendem.
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