Quando a má moeda reencontra a moeda má. Cavaco escolhe Santana para se inocentar
A representação e o cinismo são as condições mais generalizadas de fazer política um pouco por todo o lado, e também em Portugal. Aquilo que se pensa quase nunca corresponde ao materializado, aquilo que se promete quase nunca acerta no resultado desejado, de modo que quem mente não reconhecerá que mente, mas o seu inconsciente continuará a conhecer a verdade. O mentiroso pode dizer o que é a verdade ao país a partir duma torre de vigia de Belém, e só os mais incautos acreditarem, mas será denunciado como mentiroso pelo seu próprio subconsciente, que funcionará como alerta indicando os sintomas ou a sintomatologia do paciente - ainda que faça o papel de "médico" do sistema político nacional por lhe ser creditado constitucionalmente essa função de válvula de segurança do regime. A condecoração de Belém a santana Lopes não tem fundamento legal, político, ético, social ou outro que o justifique, nenhuma conexão tem com a realidade, só poderá ser entendido pela promoção artificial de um player a outros por razões de interesse partidário e de posicionamento politico-presidencial revelando o pior que o cinismo tem na política. Cavaco ao condecorar Santana por serviços que ele, efectivamente, jamais prestou ao país está não só a trair os portugueses, a desvirtuar as funções da presidência da república, a promover a mediocridade, a trair a verdade como também a alavancar-se desse apoio porque se aproxima mais um acto eleitoral para a PR de que Cavaco é o primeiro interessado. Isto é lamentável, tanto mais tratando-se do 1º magistrado da nação - a quem se deveria exigir uma actuação isenta, imparcial e genuina, e não uma conduta parcial, interesseira e egocentrica. Só que na esfera da análise política, assim como no estudo das patologias comportamentais, a localização da mentira obtém-se pela oferta de oportunidades ao mentiroso a fim de que repita a mentira, se ela servir os seus interesses partidários e de posicionamento político, para que o seu portador, o mentiroso, possa, de facto, aperfeiçoar a sua mentira e a sua fantasia, sendo que é da repetição da mentira que os seus portadores julgam atingir a verdade. Cavaco, Santana (e outros, alguns da esquerda, naturalmente) perpetuam esta ilusão na esperança de iludirem muitos mais e, assim, atingirem os seus dividendos políticos. Cavaco quer mesmo ser reeleito, e pensou que concedendo esta manhosa condecoração a Santana Lopes deixa mais umas centenas de eleitores satisfeitos que o ajudarão a demandar o Palácio Rosa. Cavaco, no fundo, carecia de um culpado para condecorar, foi santana, e se este se revelar um bom cumplice na velha "pulhítica", outrora acusado de "má moeda" (tamanho o cinismo!!!), será menos uma força de resistência no caminho e terá meio caminho percorrido para chegar a Belém contra um poeta sem projecto para o país. Em rigor, Cavaco não é completamente idiota, ele identificou um condecorado em cujos ombros irá montar-se, e esse exercício de puro e aplicado cinismo político torna os outros, incluindo ele próprio, inocentes. Dito doutro modo: a existência política desse sub-produto social chamado santana Lopes tem exclusivamente a finalidade de inocentar Cavaco das barbaridades politico-presidenciais que ele tem cometido neste último ano, a pior das quais pelo psicodrama trágicamente interpretado por Fernando Lima, até porque cavaco sabe (ou alguém com alguns conhecimentos lhe dissse) que o passado de alguém como santana lOpes permite culpar quem já desapareceu politicamente e, por enquanto, cavaco ainda mexe... Santana serve para o inocentar. Por isso o condecora. Isto é triste, mas é verdade. E o estudo destas interacções deliberadamente falseadas é aquilo que aqui denominamos a mentira em política, sinónimo de como a PR e o seu locatário fazem política a partir do farol de Belém. Infelizmente, esta práxis manhosa não é apenas um exclusivo de Belém..., e há muito que se estendeu ao plano das relações interpessoais.
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