Fernando Lima conta a "sua verdade"

Expresso

Uma "trama que raia o incrível", uma "teia bem urdida pelo fértil imaginário dos criadores de factos políticos", eis como Fernando Lima, o ex-assessor de imprensa de Cavaco Silva descreve o "caso das escutas" que lhe custou o cargo em Belém.

Num longo texto que o Expresso publica esta semana, Lima aborda pela primeira vez o caso, considerando que chegou o momento de "exercer o direito ao esclarecimento", depois de ter visto posto em causa o seu bom nome profissional. "A minha verdade", intitula-o.

Obs: Só mesmo Fernando Lima é que parece acreditar nesta sua versão benévola post-factum. Lima e, claro, o seu mandante, Cavaco. Um e outro, representam o cinismo em política, a perversão atrás de uma imagem de inocência e de compaixão. Agora Lima quer dizer ao mundo que, afinal, é um anjo com 5 asas, que não urdiu nenhuma estória anti-democrática e anti-constitucional contra o PM. Lima e Cavaco são, de facto, dois actores que mais opacidade trazem para o sistema político, distorcendo também os mecanismos de regulação democrática em Portugal. Ninguém, na verdade, acredita em Lima, antes, durante e depois de toda a sua charada mais aquilo que esteve na sua base: a vontade política de cavaco vertida na ajuda a Ferreira leite em contexto eleitoral, que não conseguiu montar-se no cadeirão de S. Bento. Isto foi e é vergonhoso - não só para os próprios - como também para as instituições da república que tão mal representam.