quarta-feira

Peter Sloterdijk um dos maiores filósofos do séc. XX-XXI

Peter Sloterdijk é, seguramente, um dos maiores filósofos da actualidade: renovou o pensamento político contemporâneo através do cinismo que marca as relações humanas, sobretudo no plano institucional que domina hoje a cultura contemporânea. Escreve a sua - Critique of Cynical Reason que goza de sucesso e à qual vale a pena voltar.
Define o cinismo como uma espécie de falsa consciência - num misto de bem e miséria que pauta toda a conduta humana e que a paralisa ao mesmo tempo. Como resposta propõe o kinicismo da antiguidade que se estrutura na sensualidade e na sátira humorística de Diógenes, forma para resistir à amnésia inerente ao cinismo.
Preocupa-se com a domesticação do ser humano e com a relação do homem com o ambiente. Depois de Jurgen Habermas é, talvez, o maior filósofo de cultura germânica que veio renovar o pensamento filosófico e rediscutir as grandes questões do nosso tempo. E como são sempre os filósofos que salvam a humanidade, nunca é marginal aqui os evocar.
Diria, sumariamente, que Peter Sloterdijk actualiza o pensamento de Nicolau Maquiavel na medida em que compreende que é a mentira, a manha, o cinismo do homem público - mais as suas perversões - que pautam o funcionamento dos dispositivos democráticos no contexto de globalização competitiva em que vivemos.
É também esse cinismo - profundamente institucionalizado na política e até nas relações de vizinhança ao nível interpessoal - que distorcem as regras do mercado e da democracia, na medida em que a opacidade construída entre a autenticidade e a representação dos actos - conduz quase sempre o homem aquelas distorções deliberadas, e isso torna-se necessário como estratégia para capturar o poder, formular as tais promessas nunca cumpridas, porque o homem público sabe, antecipadamente, que se não formular certas promessas só muito dificilmente ganha eleições.
Além das obras editadas no Brasil — A árvore mágica. O surgimento da psicanálise no ano de 1785, tentativa épica com relação à filosofia da psicologia (Casa Maria Editorial, 1988), Mobilização copernicana e desarmamento ptolomaico (Tempo Brasileiro, 1992), No mesmo barco. Ensaio sobre a hiperpolítica (Estação Liberdade, 1999), Regras para o parque humano. Uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. (Estação Liberdade, 2000) —, publicou ainda, de uma extensa lista: Der Denker auf der Bühne – Nietzsches Materialismus [O pensador no palco – O materialismo de Nietzsche], 1986; Weltfremdheit [Desassossego do mundo], 1993; Der starke Grund, zusammen zu sein. Erinnerungen an die Erfindung des Volkes [O grande motivo de estarmos juntos: anotações sobre a descoberta do povo], 1998; Luftbeben: An den Quellen des Terrors, [Aeromotos: Nas fontes do terror], 2002.
Tem-se dedicando nos últimos anos a sua monumental trilogia Sphären [Esferas], onde aborda a relação umbilical do homem com seu meio ambiente, e cujo primeiro volume foi publicado na Alemanha em 1998. Paralelamente, vem estabelecendo uma nova correlação entre os pensamentos a priori quase antagônicos de Nietzsche e Heidegger.
Leciona na Universidade de Viena e na Escola Superior de Artes Aplicadas de Karlsruhe, cuja reitoria assumiu em 1999. Dirige também o programa Quarteto filosófico na cadeia de televisão estatal alemã ZDF.