quarta-feira

Eleições: Catedrático da UM desfilia-se do PSD e diz que listas para legislativas são "golpes terríveis na democracia"

Eleições: Catedrático da UM desfilia-se do PSD e diz que listas para legislativas são "golpes terríveis na democracia"
Porto, 12 Ago (Lusa) - Um professor catedrático e pró-reitor da Universidade do Minho escreveu uma carta aberta à líder do PSD afirmando que as listas para as legislativas são "golpes terríveis na democracia" e mostram que a renovação prometida no partido foi um "embuste".
Lusa
Porto, 12 Ago (Lusa) - Um professor catedrático e pró-reitor da Universidade do Minho escreveu uma carta aberta à líder do PSD afirmando que as listas para as legislativas são "golpes terríveis na democracia" e mostram que a renovação prometida no partido foi um "embuste".
Luís Filipe Lobo-Fernandes, que em carta aberta à líder do partido intitulada "O grau zero da política" anuncia a sua desfiliação do PSD, lamenta que Ferreira Leite tenha "imposto" a inclusão nas listas de Helena Lopes da Costa e António Preto, "presentemente arguidos em processos judiciais".
"Ora isto são golpes terríveis na democracia. Alguma 'esperança' que V.Exa aparentava protagonizar morreu na primeira curva. Afigura-se-me, ademais, que se perdeu todo o pudor e todo o respeito pelos cidadãos. Como militante do PSD(...)só posso concluir que a renovação de que a Senhora Drª Manuela Ferreira Leite fala assume foros de embuste", afirma este professor de ciência política.
Considerando que esta situação é "inaceitável", Luís Filipe Lobo-Fernandes disse confessar não saber "com que cara" Ferreira Leite "se apresentará aos eleitores nas próximas eleições. Mas será que não existem cidadãos cumpridores, cidadãos exemplares, sem processos de arguido, que possam integrar a lista de deputados?".
Referindo-se também ao caso específico do distrito de Braga, onde reside, o professor universitário considera que as listas escolhidas pelo PSD para as legislativas mostram que "a falta de pudor político e de respeito pelos cidadãos atingiu aqui igualmente as raias do intolerável".
"Ao invés de se escolherem candidatos com provas dadas nas várias frentes do exercício profissional, técnico, e de cidadania activa, opta-se pelo carreirismo, pelos 'amigalhaços', num delírio sem limites. Aqui, temos de novo as mesmíssimas caras(...). Onde está, pois, a renovação de que tanto fala a Sra. Dr.ª Manuela Ferreira Leite?", afirma.
Para Lobo-Fernandes, "o cortejo [de candidatos] é, por certo, extraordinário: Miguel Macedo, João de Deus Pinheiro, tal como, pasme-se, um filho de um presidente de câmara de uma das autarquias locais do distrito. A indicação do Prof. Deus Pinheiro para cabeça de lista pelo distrito de Braga não faz qualquer sentido. Saiu de Braga em 1984, há mais de vinte e cinco anos. Em bom rigor, é(...) um autêntico atestado de menoridade ao terceiro distrito do país".
"Lamento dizê-lo com tanta crueza, mas isto é o PSD no seu pior!", diz, perguntando directamente à líder do PSD: "Onde pára, Senhora Dr.ª Manuela Ferreira Leite, a ética da responsabilidade? Onde está o espírito de serviço público? Mas será que ninguém presta contas?"
"Pergunto: como vai mobilizar a sociedade portuguesa se muitos dos protagonistas são arguidos, estão envolvidos em processos obscuros ou primam pela omissão? É imperioso, por outro lado, abrir os partidos a novos valores, empreender a renovação séria e consequente, e também pugnar por uma maior e melhor distribuição das elites", acrescenta.
Face a este cenário, Lobo-Fernandes, decidiu desfiliar-se do partido "precisamente vinte anos depois de entrar", considerando que o devia fazer "dando a cara" e explicando a sua saída antes das eleições. MSP Lusa/Fim
Obs: Daqui saúdo o prof. Lobo-Fernandes, embora com pena por não ter escrito este artigo logo após o Congresso de Guimarães, em 2008 - que ratificou o nome de Ferreira Leite para a direcção liquidatária deste PSD sem eira nem beira, completamente descamisado, sem projecto, identidade e liderança.
Leite ao escolher Preto para as listas de deputado à nação está a dizer à sociedade que é igual a ele, fala a mesma linguagem da fraude e da falsificação, afina pelo mesmo diapasão caciqueiro do paga-campanhas, comunga dos mesmos valores anti-sociais, corruptos e corruptores para todos aqueles cidadãos que cumprem os seus deveres.
Leite é, na prática, como sublinha Lobo-Fernandes, a negação da política, afigura-se anti-social e não merece liderar nada, nem sequer uma retrosaria.
Confesso que desejaria ver mais académicos assumir a mesma coragem e exposição pública na afirmação dos seus ideais e valores. Talvez este precedente incentive outros académicos a assumir a mesma rota de colisão com aquilo que não passa duma nulidade política da vida pública nacional.
Talvez...
Até porque Portugal merece algo melhor do que a srª Ferreira!
Já alguém pensou nisso?!