Afastamento de Passos acende 'rastilho' no PSD
FERREIRA LEITE É, OBJECTIVAMENTE, A GRANDE ALIADA DE SÓCRATES NESTAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS. QUEM MAIS PODERIA SÊ-LO NA OPOSIÇÃO...
Nota prévia: Qualquer pessoa de bom senso nota o total desajuste de Ferreira Leite para a política. Tem-se especializado em eliminar internamente oponentes arranjando, com isso, inimigos internos. À democracia, à governação e à sociedade não dá nenhum contributo. Leite revela um baixo índice de cultura política, mesquinhez por afastar aqueles que lhe poderão fazer sombra. Parece mesmo que em Portugal é só Santana Lopes, António Preto, Lopes da costa e Pacheco Pereira que gostam da senhora ou vêm nela um potencial que o Portugal inteiro não reconhece. O que mais me aborrece é a manutenção desta senhora na vida pública traduz o refelexo da mediocridade política a que chegámos, pois em vez de o sistema político estar formatado para manter no poder (ou mesmo na oposição) os melhores - acaba por sancionar a perpetuação daqueles que revelam incapacidade para formular políticas públicas alternativas e ser uma oposição credível em Portugal. É por este conjunto de razões que a srª Ferreira representa a "má moeda" (como diria Cavaco), o pior que a vida pública tem em Portugal: mediocridade, inveja, maledicência, mesquinhez e até alguma malvadez. O que não é de estranhar, vindo de quem vem. Basta recordar as suas múltiplas declarações, aqui apenas destaco as do American Club acerca da democracia, das reformas e da ditadura.
Numa palavra: Ferreira Leite não merece ocupar nenhum cargo público de relevo pela sua congénita inaptidão para o seu bom desempenho. O governo do país deve ser o governo dos melhores, e não o dos medíocres e mesquinhos. Esta é, por enquanto, a canga do actual PSD que já foi de Sá Carneiro - hoje às voltas no túmulo.
DN
O lote de candidatos a deputados do PSD foi ontem ao Conselho Nacional, debaixo de grande polémica. A exclusão de Passos Coelho e a de Miguel Relvas foram os pontos mais polémicos, mas várias distritais mostraram ainda descontentamento, em especial a de Lisboa. Carlos Carreiras fala mesmo em "política de mesquinhez"
O afastamento de Pedro Passos Coelho, rival interno de Manuela Ferreira Leite, e as escolhas assumidas pela líder contra a vontade das estruturas locais deixaram ontem várias distritais em pé de guerra com a actual direcção do PSD. Lisboa, Santarém, Setúbal, Vila Real e Faro, entre outras, são algumas das estruturas que se bateram contra as decisões de Ferreira Leite para as listas às eleições legislativas de 27 de Setembro.
À hora do fecho desta edição, o Conselho Nacional do PSD, onde foram apresentadas, discutidas e votadas as listas do partido às legislativas, ainda não tinha arrancado. Mas prometia ser um dos mais acesos dos últimos tempos.
O ex-adversário de Manuela Ferreira Leite foi dos primeiros a chegar ao hotel de Lisboa onde se realizou o Conselho Nacional. As suas declarações foram muito soft à chegada. "Venho conhecer as listas do meu partido e as linhas fundamentais do programa eleitoral. Espero que o meu partido consiga, avisar de todas as vicissitudes, encontrar o caminho que o País precisa, que é de um governo novo, mais aberto à sociedade e mais dinâmico". Passos Coelho não deixou de lembrar que ele próprio foi "quase" um fundador do PSD e que, por esse motivo, não se pode sentir "desiludido".
Muito mais cáustico foi aquele que tem sido o seu braço-direito, Miguel Relvas, que perdeu a liderança da lista por Santarém, dando lugar ao antigo líder parlamentar do partido e ex-eurodeputado, Pacheco Pereira, um indefectível de Ferreira Leite (ver texto ao lado). Relvas frisou que só soube do seu afastamento das listas pelos jornais, mas apesar disso prometeu tudo fazer no seu distrito para que o PSD ganhe as legislativas. "Ao contrário de outros, não tenho dúvidas em quem votar no dia 27 de Setembro, claro que é no PSD". E até em Pacheco Pereira. O "ao contrário de outros" foi dirigido a Manuela Ferreira Leite que numa entrevista ao JN quando questionada sobre se tinha votado em Pedro Santana Lopes nas legislativas de 2005, respondeu: "Obviamente que não lhe respondo."
O líder da distrital do PSD de Lisboa, Carlos Carreiras, também deixou transparecer o quanto estava zangado com a líder nacional. Admitiu que todas as escolhas da estrutura foram por água abaixo e que as feitas por Manuela Ferreira Leite incluíram pessoas que, tendo sido dirigentes muitos anos em Lisboa, tiveram "más práticas" no que toca "à seriedade e ao rigor", que ele próprio teve que "contrariar". Referia-se abertamente a António Preto e a Helena Lopes da Costa que são apostas da líder em Lisboa. Carreiras ainda se mostrou esperançado que o "bom senso" imperasse até ao Conselho Nacional, caso contrário votaria contra a lista proposta pelo seu círculo. Questionado sobre a exclusão de Pedro Passos Coelho, que apoiou nas directas do ano passado, Carreiras considerou o acto de "mesquinhez política" da direcção.
Alguns conselheiros nacionais ponderavam antes da reunião pedir para que a votação das listas e da própria candidatura de Ferreira Leite ao cargo de primeira-ministra pelo PSD fosse feita por voto secreto. Ferreira Leite, essa, chegou confiante com os nomes debaixo do braço que entendeu serem capazes de dar "coesão" ao futuro grupo parlamentar.
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