Uma troika de registos: Gustav Klimt, Fernando Pessoa e o Guincho
Gustav Klimt conseguiu transformar o beijo num objecto d' arte. Foi um simbolismo feliz, uma arte nova que veio a tempo, um movimento bem rolado. O ponto é que O Beijo - em Klimt - assenta em si mesmo e na sua amante, a mulher fatal e submissa - que comunica a sua sexualidade latente. O problema é que o beijo neste artista espelha a secessão, logo o afastamento e a separação d´ algo que estava unido.
Entre a secessão presente no beijo de Klimt é preferível essa outra obra d' arte da Mãe-Natureza presente no mar do Guincho. Alí a força da Natureza convergia mais do que divergia. Logo: Guincho 1 - Klimt - 0.
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O sonho é ver as formas invisíveis Da distância imprecisa, e, com sensíveis Movimentos da esp'rança e da vontade, Buscar na linha fria do horizonte A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte — Os beijos merecidos da Verdade Fernando Pessoa Em suma: Mais vale o glaciar quente do Guincho e a poesia excepcional de Fernando Pessoa do que a simbologia do quadro de Gustav Klimt - que é belo (parece uma "árvore de natal") mas fragmenta, parte e separa. _________________________________________________________
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