sexta-feira

Alegre: o poeta prematuro e pedinchão. O grau zero da política.

O poeta Alegre, depois de andar a provocar o seu partido, lá arrebanhou a reacção-declaração (de Lello) que lhe serve de "recibo verde" para se apresentar a Sócrates e debitar o pedido ao PM: o apoio para Belém.
Ainda não se sabem os resultados das europeias, das legislativas nem das autárquicas que, de resto, ainda nem sequer estão marcadas, mas o poeta, porque é prematuro e quer reservar um lugar de luxo no aparelho de Estado para melhor compôr a sua reforma, pressiona há meses o PM no sentido de a sua satisfação e vaidade pessoais serem atendidas. Por isso Manuel Alegre quer falar com o PM. Ele quer o "brinquedo" à força e de forma compulsiva, deseja ser Presidente da República apoiado pelo partido que tem farpeado sem dó nem piedade.
No fundo, Alegre - que disse não ser "inimigo" de Sócrates - (que eu saiba em democracia não há inimigos, mas adversários) - mas isto é só mais uma gaff do poeta, admite calar-se e deixar de andar por aí de mão dada com o BE se o PM lhe prometer o cheque visado para Belém.
Confesso nunca ter visto a democracia em Portugal ter atingido tamanha lata e paroxismo, e o descaramento já é tanto que o candidato a Belém só admite deixar de chantagear o PS se este - contra quem Alegre tem lançado farpas nos últimos meses (daí a expressão de Lello - quando disse que o poeta não tinha "solidariedade" e/ou "carácter" com o seu partido) lhe der esse endosso presidencial quando ainda nem sequer as eleições legislativas estão marcadas.
Ora isto é um absurdo, e nenhum PM, seja de direita, de esquerda ou do centro deveria negociar quando as presidenciais não estão na ordem do dia nem a negociação - qualquer que ela seja - se deve realizar sob um clima de puro oportunismo e chantagem política.
Este tipo de birra em política tem nome: é o grau zero da política. E isto jamais deveria ser sancionado.
Por uma razão simples: por imperativo ético e moral, se é que a vida política também é feita desta massa, mas também porque ceder ao poeta politicamente oportunista e chatangista nestes termos só faz o PS perder votos.
A política não é só feita de cedências nem de jogadas oportunistas, ela é, essencialmente, uma estrutura de princípios e de valores - que o poeta tem revelado desconhecer nos últimos meses.