segunda-feira

Notas Soltas de António Vitorino

Foi com alguma graça que hoje António Vitorino revelou a sua "previsível surpresa" pelo facto de o MP não constituir arguídos - ao invés doutros casos.. - no âmbito do processo BPN, que apenas tem detido Oliveira e Costa.
Foi, digamos, uma graça que poderia ser subscrita por 10 milhões de portugueses, talvez com excepção dos funcionários e/ou magistrados do MP que lá vão cometendo os seus pecados administrando a conta-gotas as suas fugasinhas ao segredo de justiça. Mais valia terminarem com essa protecção que é sistemáticamente violada (até para desprestígio da corporação), havendo apenas surpresa quando, à contrário, não há arguídos, presumindo-se também que por ausência de fugas. Enfim, é uma pescadinha de rabo-na-boca que o sr. Pinto Monteiro, PGr, nunca conseguiu explicar.
E, agora, por graça seguramente, até pede ajuda ao chefe das secretas para o ajudar nessa identificação. É a isto que alguns designam o MP em versão BD...
Quanto ao BPP - por ser uma situação distinta do BPN, seja pela rede de agências seja pelo perfil do banco, é bom lembrar aos accionistas do banco gerido por João Rendeiro que o Estado e a CGD não são a "vaquinha cornélia", por isso é bom que o património do banco possa responder perante as legítimas expectativas dos clientes que contrataram com o banco determinados contratos e a instituição, traindo a sua confiança, deu-lhes outro destino. Espero, embora não seja cliente, que o BPP honre os seus compromissos para com os seus clientes, e com juros.
Sobre o desemprego AV defendeu que até ao Verão os números deste flagelo irão aumentar, pelo que será necessário o Estado alargar a rede de protecção social para assegurar os subsídios de desemprego, noutros casos reduzir a taxa social única às empresas - aliviando-as na sua actividade e permitindo que assim sejam mais competitivas para relançar a economia.
Do Leste europeu dantes vinham más notícias por causa da Guerra Fria, eram mísseis soviéticos que se instalavam nos países satélites do Pacto de Varsóvia regido pela doutrina da soberania limitada imposta por L. Bresniev. Hoje, ao invés, e dissolvido o império comunista e extinta a Guerra Fria, os problemas são de natureza económica e remontam a essa fase do séc. XX que começou a ser tecida no mundo pós-Yalta em 1945. Tais notícias da Polónia, da Hungria, dos países bálticos, da Bulgária, da Roménia derivam do facto desses sistemas económicos estarem muito dependentes dos sistemas financeiros do Ocidente - que ao conhecer uma fase de instabilidade e de rarefacção do dinheiro também não oferece garantias à economia do leste que se apoia essencialmente na vertente exportação - agravada do facto de não ter integrado o euro, logo sem a protecção cambial de que hoje a maior parte dos países da UE beneficia.
Também aqui instituições como o FMI e a até a UE deverão reforçar os seus mecanismos de apoio financeiro aquelas "economias do frio" sob pena de a crise financeira ocidental poder contaminar o centro e leste da Europa - que hoje até nos faz lembrar que ao tempo da Guerra Fria é que era bom.
Nessa conjuntura, a guerra era previsível e também se conhecia antempadamente quando iriam eclodir as crises económicas e que efeitos sociais eles provocariam nas sociedades. Hoje, ao invés, a "ditadura" dos caprichos do sistema capitalista global comporta-se, analógicamente, como o planeamento e execução dos conhecidos ataques terroristas. Só sabemos que tiveram lugar após a destruição dos edifícios e o massacre das pessoas inocentes.
Com ou sem fugas de informação na violação ao segredo de justiça, o mundo mudou.