A mentira e a insinuação como método de fazer política

A semana passada explicitámos aqui os contornos da mentira em política, e demos três exemplos: a mentira por calúnia (que visa diminuir os méritos do homem público), a mentira por inflação (que visa ampliá-los) e a mentira por transladação - que visa transferi-los de determinada pessoa ou grupo de pessoas para um terceiro. Naturalmente que a aplicação destes mecanismos em política ganha uma maior dimensão e projecção.

E porquê?

Por um lado, porque nunca se esclareceu cabalmente a origem do caso Freeport - que agora conheceu a sua fase de internacionalização de globalização predatória, porventura algum neoliberal inflamado da Carlyle deu pela falta de capital na contabilidade da empresa. Por outro, porque a oposição em bloco tem aqui o seu máximo denominador comum: Louçã, Portas, Ferreira Leite - têm aqui o seu pudim doce para atacar o PM, mesmo que nas intervenções públicas disfarçem ou digam que é um assunto da Justiça e dos órgãos de investigação, mas, lá fundo, reportam-se sempre ao caso - explorando-o o máximo que podem para tentar ganhar na secretária o que têm sistemáticamente perdido no terreno.

Os telefonemas para os jornalistas de serviço no Público e no Sol - quase falido também devem fazer a agenda telefónica dos líderes da oposição nestes tempos.

Confesso, pela imagem pública que Sócrates tem construído, não estar a vê-lo envolvido neste tipo de questiúnculas e alegada corrupção - de tios e primos que só se encontram em funerais. Mas todos nós temos família, e nas famílias existem sempre os "cromos", os chatos, os penduras, os apêndices, os broncos. Aqueles a quem as linhas de sangue nos ordenam que amemos mas que, no plano cultural, nada temos a ver. É a fatalidade de termos família.

Ora, com aquela família - "do não sei quê" - deve passar-se o mesmo igual a tantas outras famílias portuguesas, com a agravante de alí o caso ser mais pesado pelo facto de se tratar de um PM - e dos abusos de confiança aí terem repercussões públicas.

Ferreira leite até prometeu a Al berto da Madeira, naquela frágil entrevista a Judite de Sousa na RTP que seria PM, mais parecia uma chefe de divisão disciplinada a reportar ao seu director de departamento que a resma de folhas foi entregue e que as canetas chegaram bem ao economato.

É nestes momentos que a paisagem política começa a ser povoada por uma fauna verdadeiramente parasitária, necrófaga em que a arte da mentira e da insinuação - com muitas transladações à mistura a fim de chamuscar o PM - façam sentido.

Temos dito e redito aqui que o Ano de 2009 será o ano da mentira, o Ano Borda d' Água, e começamos a ter uma ilustração desse cenário. Basta que a arte da mentira percorra o caminho da verossimilhança, exagere qui e omita alí, prostitua a reputação com uma súbtil dosagem.

Ou seja, é preciso saber dar proporção ao engano e à verdade - que anda sempre escondida, porque envergonhada. Tudo a fim de temperar com bom sal quer as circunstâncias, quer os fins visados. E os fins visados, são, obviamente, abater o PM em funções que tem derrotado a oposição política em bloco com lisura democrática, daí o ódio que lhe têm.

O Sol já deve vendido mais uns jornalecos e, assim, escapar à pré-falência em que se encontra; o Público dá alegrias à sonae que ainda não esqueceu o chumbo da OPA à PT; Ferreira Leite já deve ter agradecido 22 vezes as fichas ao Pacheco, e ligado para Belém dizendo: desta é que vai - com os assessores fazendo figas entre muito bolo-rei e champagne de Sacavém; Louçã volta a rejubilar e a dizer se eu não consigo tramar "o gajo" no hemiciclo dou-lhe cabo do canastro fora dele; Jerónimo lembra ao mundo que este é todo corrupto excepto o Comité Central do PCP, e assim por diante. Portas também já deverá ter almoço agendado com Santana no restaurante do Parque Eduardo VII - onde o Júdice tinha (ou tem) cota and so on...

Alguns "cromos" que cada um de nós tem nas respectivas famílias por vezes evoca-nos que a melhor família é não ter família. Mas, bem ou mal, podemos escolher os amigos, mas não podemos escolher a família que temos. E esta será a introspecção geral que todos deveremos fazer neste caso, mais nuns caso do que noutros, à excepção das famílias exemplares.

O ano de 2009 será um ano especial para a oposição em Portugal, pois trata-se dum tempo de "esperança". Uma esperança (podre) - mas esperança - alicerçada no caso Freeport - que foi o dispositivo encontrado para, fora do Parlamento, e dos fora partidários e da política activa - espalhar e disseminar por toda a parte areia na engrenagem - com meias verdades e insinuações - para se encontrar aí a correia de transmissão de lorpas - revelando ao nosso querido Portugal a qualidade das nossas gentes.

Mário Nogueira da fenprof, o sacristão comunista que ficará para a história como o algoz da 5 de Outubro, já deve ter agendado muitas excursões a Fátima para comemorar o caso mais badalado do ano. Quantas velinhas ele acenderá...

O ano de 2009 irá destacar-se dos anteriores por promover a sociedade da mentira. Uma sociedade que tornará a mentira obrigatória para suscitar mentirosos imperturbáveis. Até Ferreira leite, auxiliada pelo faccioso e decadente Pacheco, já está a preencher o perfil exigido, na esperança de que toda a oposição minta por todos os poros em ordem a dar aplicação a estes novos princípios que irão passar a reger o sistema político em Portugal neste ano com três eleições.

Com esta confraria da oposição no poder em Portugal é que seria caso para dizer: chamem a Polícia - que eu não pago!!!

Trabalhadores do Comercio - Chamem a pulissia

Obs: Notas dedicadas a todos os mentirosos que fazem desse dispositivo um método de fazer política. Pensa-se até que o novo partido - à esquerda - será designado o Partido da Mentira, com muita poesia à mistura... O objectivo desse novel partido é o de, numa 1ª fase, testar mentiras experimentais - proof-lies - com vista a sondar a aquiescência da opinião pública e, em conformidade, carregar mais (ou menos) no pedal.

2009 será o Ano Borda d' Água

E aqui.