domingo

Cultura fnac: "gente feliz com lágrimas"

Nas décadas de 60 e 70 os livros eram tão raros como as pedras preciosas em Portugal. Os que existiam eram importados e entravam às escondidas no País, sobretudo se fossem livros de teor político e ideológico que, directa ou indirectamente, questionassem o status quo vigente.
Nos 20 anos seguintes a coisa mudou, o livro generalizou-se e criando uma cultura de massas na sociedade portuguesa. Hoje, em pleno III milénio - basta entrar numa loja Fnac (passe a Pub.) e ver essa multidão de leitores. Está meio mundo pendurado num livro. O espaço de leitura está sempre lotado, desmentindo assim a falta de apetite por cultura - muitas vezes imputada (e injustamente) aos tugas.
E é uma estratégia inteligente, pois os livros passam a ler-se nos pontos de venda. Eis a grande vantagem da fnac - que contrasta com outros espaços de leitura onde as pessoas são olhadas com desconfiança se estiverem com um livro mais de 10 min. na mão.
Hoje lê-se. Desconheço é se se compram livros, mas lê-se. Os leitores portugueses são hoje gente feliz com lágrimas. Lêm os livros sem ter de os comprar.
Assim, dificilmente se arrependerão de ter comprado algo indesejável.