Absurdo vs normalidade
Se há uns meses nos dissessem que o ex-inspector da PJ Gonçalo Amaral era hoje candidato à autarquia de Olhão ninguém acreditaria. Igualmente absurdo acharia qualquer pessoa de bom senso que vai acompanhando a vida pública em Portugal se a questão se reportasse a Santana Lopes, que entre 2002 e 2004 deixou a autarquia falida, ingovernável e sem credibilidade.
Entretanto, as posições relativas mudaram e aquilo que antes era absurdo passou a ser versosímil, embora não deixe de ser absurdo, na medida em que há uma incoerência estrutural (pela personalidade, currículo e trajectória) daquelas pessoas aos cargos públicos a que hoje se propõem. Este absurdo encontra variantes na literatura e no teatro - mas é a política (e as populações) quem mais sofre as suas consequências.
Aqui chegados não me surpreenderia que daqui até às eleições Ferreira Leite, no seu habitual registo que vende toneladas de glamour e élan pedisse a Santana que já não se candidatasse a Lisboa e assumisse a corrida a S. Bento, Leite - pedisse a Gonçalo Amaral - que deixasse Olhão para ela, e Gonçalo, finalmente, poderia regressar à sua velha carreira de investigador na PJ que abraçou durante uma vida. Talvez agora acertasse mais.
Se assim fosse, o absurdo diluia-se porque nem Santana nem Leite conseguiriam os votinhos necessários para serem eleitos e Gonçalo terminaria na casa que o viu nascer: a PJ.
Hoje o espaço para a fantasia é limitado. A realidade encarrega-se dos delírios...
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